RIO — Municípios brasileiros que sediam instituições de ensino superior têm indicadores econômicos e sociais melhores do que os que não as tem. A revelação é um dos principais destaques do Mapa do Ensino Superior no Brasil de 2019, levantamento divulgado nesta quinta-feira.
Produzido pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), o mapa usou dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (Pnud) para chegar a essa conclusão. O levantamento mostra que a presença das instituições pode ser sentida principalmente no Produto Interno Bruto dos municípios. Aqueles que contam com universidades privadas ou públicas têm PIB per capita médio de R$ 30,7 mil, enquanto os que não contam é de apenas R$ 19,7 mil.
A renda média das pessoas que completaram o Ensino Superior também é maior. O valor sobre de R$ 2 mil onde não há instituições do tipo para R$ 2,4 mil onde há apenas instituições públicas e para R$ 2,8 mil onde existem somente universidades privadas. Em cidades que recebem ambas, o valor médio se eleva ainda mais: R$ 3,3 mil.
A pesquisa também revela que o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal médio é mais alto nos municípios que possuem instituições de ensino superior. Onde há apenas universidades privadas, a média ficou em 0,7218 (considerada alta). Onde há apenas instituições superiores públicas, 0,6443. O valor é ligeiramente inferior ao de municípios sem universidade: 0,6483. Onde há públicas e privadas, o número médio salta para 0,7349.
O que vem primeiro?
A conclusão do Semesp suscita uma espécie de “dilema Tostines”: os municípios têm índices melhores por conta da presença das instituições de ensino superior ou as instituições de ensino superior estão nestas cidades justamente porque elas têm índices mais elevados? A própria entidade admite que impossível determinar com certeza a resposta, mas garante que os números podem ser usados para fortalecer políticas públicas.
— Os números reforçam a necessidade da capilarização do ensino superior no país — afirma Rodrigo Capelato, diretor executivo da entidade. — É necessário identificar onde existem carências nesse sentido e criar polos universitários para supri-las. Assim, geram-se mais empregos, e o país acaba melhorando todos os seus indicadores. A presença de pessoas de nível superior e vai gerar trabalho de maior valor agregado. No fim das contas, traz mais riqueza e atrai mais empresas para essas cidades.
O Mapa traz também novas informações sobre alunos com necessidades especiais. Foram 39.869 matrículas em 2017: 25.208 nas privadas e 14.661 nas públicas. De 2009 até 2017, foi registrado um aumento de 89,8% no número de matrículas de pessoas com deficiência no ensino superior do país. O número, no entanto, ainda representa 0,48% do total de estudantes matriculados. Capelato afirma que há pouco o que comemorar, mas que o aumento é resultado de planejamento estratégico feito pelo Ministério da Educação nos últimos anos.
— Não há muito o que se comemorar ainda, mas o MEC tem feito políticas indutórias para esse aumento e elas começam a mostrar resultado — pontua. — A inclusão tem aumentado e é reflexo disso. O grande desafio agora é acolher portadores de deficiência intelectual, porque as instituições de ensino superior no geral estão preparadas para ajudar aqueles que têm deficiências físicas, garantindo acessibilidade e softwares para facilitar a experiência em sala de aula.
Com 242 páginas, o mapa traça um panorama completo da situação da educação superior nas cinco regiões do Brasil. Além disso, traz informações sobre financiamento estudantil, valores de mensalidades e cursos mais procurados, números de matrículas nas modalidades presencial e EAD, alunos ingressantes e concluintes, perfil dos estudantes, taxas de evasão e migração.
Fonte: O Globo