Um novo exame, simples e barato, pra detectar o câncer está sendo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás.
Lá está ela no nosso ouvido, nos protegendo.
“A cera tem uma ação antibactericida, de proteção da região e tem ação para proteger da entrada de corpos estranhos”, explica a médica e professora da UFG, Melissa Avelino.
E, além de ser uma barreira, a cera também carrega informações importantes sobre o nosso corpo.
“A cera é um produto de secreção que concentra aquilo que é uma impressão digital do que as nossas células produzem. Então, quando a cera é produzida, ela tem ali componentes que podem ter sido produzidos por células saudáveis e por células cancerosas”, explica o coordenador da pesquisa da UFG, Nelson Antoniosi.
A pesquisa do laboratório de química da Universidade Federal de Goiás identificou 27 substâncias que, se estiverem presentes na cera do ouvido, indicam a existência de câncer em alguma parte do corpo.
Cento e dois voluntários participaram do estudo. Com amostras do tamanho de um grão de arroz foi possível identificar quem estava doente.
A descoberta, chamada de uma nova fronteira no diagnóstico de câncer em humanos, foi publicada numa das mais importantes revistas especializadas do mundo, a Scientific Reports.
Em cinco horas é possível verificar se o paciente tem ou não câncer. A pesquisa revelou que o exame é capaz de detectar a doença ainda no estágio inicial.
O Inca, Instituto Nacional do Câncer, estima que o número de novos casos da doença no Brasil chegue a 580 mil até o fim do ano. Segundo os pesquisadores, com a doença diagnosticada mais cedo, os médicos ganham tempo pra analisar o tipo de câncer e definir o melhor tratamento.
“Essa expectativa que nós temos, é conseguir curar um número maior de pessoas do que é possível hoje com outros diagnósticos que existem”, diz o professor Nelson.
A ideia é que, por ser simples, a análise da cera de ouvido se torne tão comum quanto um exame de sangue usado pra detectar problemas de saúde. Quem já faz tratamento contra o câncer sabe a importância do diagnóstico precoce.
“No começo é mais fácil de tratar. Tem mais chance de tratar. A gente sofre menos porque tem condições de tratar, né”, diz a aposentada Maria Aparecida Vieira.
Fonte: Jornal Nacional – G1 Globo