Em mais um movimento de mobilização das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) da região, na última terça-feira (24), uma audiência pública para debater a extensão dos impactos do contingenciamento de recursos imposto pelo governo federal à educação superior no país aconteceu no plenário da Câmara de Vereadores de Itabuna. No início do mês de setembro (5) as IFES reuniram-se para definir encaminhamentos de mobilização a serem adotados na tentativa de reverter o cenário de retenção de orçamentos em voga desde o mês de maio. Os eventos foram organizados pela Associação dos Municípios do Sul, Extremo Sul e Sudoeste da Bahia (Amurc) com o apoio do Legislativo municipal.
A audiência foi conduzida pelo presidente da câmara, vereador Ricardo Xavier, e contou com a presença do presidente da Amurc e prefeito de Firmino Alves, Aurelino Cunha e do diretor executivo, Luciano Veiga. Integraram a mesa de abertura a reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), professora Joana Angélica Guimarães da Luz, o diretor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA – Campus Ilhéus), Thiago Nascimento Barbosa, e o diretor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IF Baiano – Campus Uruçuca), Daniel Carlos Pereira de Oliveira. Participaram também vereadores, representantes da sociedade civil e servidores da UFSB.
Os representantes das instituições federais de ensino superior ressaltaram a dificuldades enfrentadas desde o início do contingenciamento. Medidas de contenção de gastos estão sendo implementadas para reduzir ainda mais os custos de operação das atividades nos campi, garantindo, assim, a manutenção das aulas. “Neste contexto não é apenas a universidade que sofre, mas toda a comunidade. A suspensão das obras dos prédios da UFSB, por exemplo, causou a demissão de 270 trabalhadores da construção civil nas cidades de Itabuna, Porto Seguro e Teixeira de Freitas. Prejuízo não apenas para a universidade que não terá o espaço físico de que precisa com urgência, mas também para a comunidade que deixa de ter à disposição algum serviço que poderia ser prestado, sem mencionar, ainda, o fato de trabalhadores terem perdido seus empregos”, sublinhou a reitora da UFSB.
Momento de união
Os argumentos levantados na audiência convergiram para a necessidade de sensibilizar as demais instituições, organizações sociais e sociedade civil para unirem-se em prol da educação superior. Para Eva Dayane Almeida de Goes, servidora da Pró-Reitoria de Sustentabilidade e Integração Social, a comunidade deve ser mobilizada. “Devemos fortalecer as IFES e dialogar com a sociedade, explicar o contexto e mostrar as consequências dos ataques à universidade”, alerta.
Os participantes indicaram a necessidade de mobilização das bases, ampliando a circulação de informações ressaltem a importância da universidade e dos institutos federais para a região. “Temos que chamar os vereadores, os deputados, os pais dos estudantes para essa luta, pois muitas pessoas não estão sabendo o que está acontecendo com a universidade. Toda a comunidade deve estar envolvida, porque a universidade é de todos. Temos que levar o debate para a rua”, afirma Cristiane de Nascimento Santos, mãe de estudante do Curso de Medicina da UFSB.
Os representantes também alertaram a urgência de aproximação entre as Ifes. “Nesse contexto nós devemos intensificar o diálogo sobre ensino, pesquisa e extensão, trabalharmos juntos, pois nosso papel é oferecer educação de qualidade para as pessoas da região. Nossas necessidades e reivindicações são as mesmas”, afirmou o Diretor do Campus de Uruçuca do IF Baiano.
Próximos passos
Paralelamente às ações empreendidas pelas Ifes, o presidente da Amurc levará a pauta ao Congresso Nacional na próxima semana. Em reunião a ser realizada com os senadores da bancada baiana entre os dias 1º e 02 de outubro, Aurelino Cunha apresentará as reivindicações oriundas dos debates das audiências públicas já ocorridas. “Vamos apresentar a situação das instituições e demandar a liberação de recursos”, enfatizou.
O objetivo, também, é ampliar o debate para a comunidade da região. Segundo a Amurc, audiências públicas serão realizadas em breve nas cidades de Ilhéus, Porto Seguro, Teixeira de Freitas e Uruçuca.