SÃO LUÍS – Na tarde de sexta-feira, 1º, ocorreu o encerramento da II Jornada Multiprofissional de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes, promovida pela Liga Acadêmica de Tanatologia (Thânatos), formada por alunos dos cursos de Enfermagem, Serviço Social e Psicologia da Universidade Federal do Maranhão. Foram dois dias de várias atividades entre minicursos, conferências, mesas-redondas e palestras. Na ocasião, profissionais e organizadores do evento ressaltaram a importância da conscientização da doação de órgãos e tecidos.
Heloísa Rosário Furtado Oliveira Lima, membra da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdotts) do Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão I) e do Hospital Universitário Presidente Dutra e aplicadora do minicurso “Processo de doação e transplantes” na jornada, relatou que o principal objetivo do evento é a educação. “É preciso conscientizar a sociedade sobre o papel de ser um doador de órgãos e tecidos. O transplante transforma a morte em vida”, fitou.
A coordenadora discente da Liga e uma das organizadoras do evento, Anne Caroline Rodrigues Aquino, afirmou que a recusa familiar é grande quando se trata da doação de órgãos no Maranhão, o que gera um quantitativo baixo de doadores. “Trazer este tema para o seio acadêmico é frisar que uma mudança neste índice tem que começar pelos profissionais em formação e que a doação não depende só da comissão intra-hospitalar, mas sim de toda a equipe de saúde. Uma família precisa ser preparada, para que, no final, possa dizer um ‘sim’ para a comissão”, salientou.
Já para Polliana Costa Bortolon Melo, que também é integrante do Cihdotts do Hospital Djalma Marques e do HUUFMA, no Brasil não é mais necessário se deixar documentado o interesse em ser doador de órgãos, porque não é válido legalmente a referência na documentação. “Somente os familiares de primeiro e segundo grau que podem autorizar uma doação. No momento devido, as famílias precisam estar cientes do desejo de seu ente querido que partiu”, explicou.
Ela ainda citou os hospitais em São Luís que detém de comissões intra-hospitalar de doação de órgão e tecidos para transplante. “Além do Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão I) e do Hospital Universitário Presidente Dutra, o município de São Luís possui outros hospitais com comissões, como é o caso do Hospital de Referência Estadual de Alta Complexidade Dr. Carlos Macieira, Hospital Municipal Clementino Moura (Socorrão II), Hospital São Domingos e o Hospital UDI”, explicitou.
Tanatologia na Jornada
Um dos palestrantes convidados da jornada foi o professor enfermeiro da Universidade Federal do Ceará (UFC), Michell Ângelo Marques Araújo, que mediou a conferência “Tanatologia: compreendendo a morte para entender a vida”.
“Discutir a morte e o morrer é discutir a vida, e a ciência da tanatologia vem estudar estas abordagens. Este tema não é novo na academia e no século XXI tem-se discutido sistematicamente essa temática nas instituições de ensino, compreendendo assuntos como perdas, lutos, separação, suicídio, cuidados paliativos e doação de órgãos, o que mexe muito com o imaginário das pessoas”, finalizou.