Experimento ocupa uma área de 0,5 hectare no município de Upanema (RN) com as variedades Sudanense e Sacarino Forrageiro/Foto: Eduardo Mendonça
O sorgo, uma cultura voltada principalmente para a alimentação de animais, pode ser cultivado em ambientes com alta salinidade. Isso é o que aponta os dados preliminares de uma pesquisa que vem sendo realizada na Universidade Federal Rural do Semi-Árido ao comprovar a viabilidade de produção em grande escala no semiárido, região que possui água salobra em abundância. O trabalho denominado ‘Cultivo de sorgo submetido à irrigação deficitária e com águas de elevada concentração salina durante período seco e chuvoso no semiárido nordestino’ é coordenada pelo pesquisador da Ufersa, o engenheiro agrônomo José Francismar de Medeiros, sendo parte do Projeto Manejo do Sistema solo-água-planta em área do semiárido nordestino brasileiro, aprovado pelo Edital Bolsa de Produtividade, do CNPq.
Francismar Medeiros, pesquisdor da Ufersa/Foto: Eduardo Mendonça
Segundo Francismar Medeiros o sorgo é reconhecido por sua tolerância moderada ao estresse salino, se tornando, portanto, uma alternativa para o cultivo em ambientes que apresentam deficiência hídrica. “A pesquisa tem a sua importância no sentido de trazer novas cultivares para a região ao constatarmos que podemos cultivar a planta utilizando a água salobra e em menor quantidade, ou seja, produzir sorgo com um manejo de irrigação usando menos água sem haver perda significativa de produção” afirma o agrônomo.
O experimento ocupa uma área de 0,5 hectare no município de Upanema (RN) com as variedades Sudanense e Sacarino Forrageiro (SF15), ambas, desenvolvidas pelo Instituto de Pesquisa Agropecuária de Pernambuco. “O trabalho é voltado para trazer soluções para os agricultores que ainda têm resistência para o plantio do sorgo e que continuam insistindo na cultura do milho para forragem” frisa. Francismar lembra que as condições climáticas do nordeste não favorecem ao cultivo do milho, diferente do sorgo que é uma cultura bastante adaptada as condições do semiárido.
Outras vantagens são apontadas pelo pesquisador como, por exemplo, o sorgo sudão que tem precocidade elevada podendo ser colhido para alimentar os animais com 45 dias e, o sorgo sacarino forrageiro que apresenta alto teor de açúcar e de produtividade de massa, alcançando entre 60 a 80 toneladas por hectares.
Resultados preliminares mostram que as plantas têm tolerado a ambientes de alta salinidade/Foto: Eduardo Mendonça
Os resultados preliminares mostram que as plantas têm tolerado a ambientes de alta salinidade de até 4 gramas por litro de sais na irrigação, ou seja, o mesmo teor encontrado na água de rejeito de salinizadores sem que ocorra perda na produtividade da planta. A pesquisa avalia a produção, a qualidade, o crescimento, a rebrota, bem como as variáveis fisiológicas e bioquímicas das duas variedades de sorgo em diferentes lâminas de irrigação e de concentrações de sais na água de irrigação. O trabalho envolve três pesquisas de mestrado e uma de doutorado nos Programas de Pós-Graduação em Manejo de Solo e Água e, Fitotecnia da Ufersa.
O pesquisador garante que o sorgo é uma planta que para a forragem é a melhor entre as diversas espécies disponíveis. “Com 300 milímetros de chuva o produtor consegue colher entre 20 a 25 toneladas por hectares, enquanto que com o milho, na mesma condição hídrica, não produziria nada” exemplificou. Ainda segundo Francismar Medeiros plantado em grande escala o sorgo pode ser utilizado para a produção de álcool e açúcar, como também para fazer silagem. “O desafio da pesquisa é contribuir para a solução de escassez de água e para o desenvolvimento de sistemas sustentáveis de produção com água salinas para a produção de forragem e outras culturas alimentares” pontua o pesquisador.