Hortaliças abastecem unidade prisional em Solânea, no Agreste paraibano
Educar e ressocializar presos. Esses são uns dos objetivos de projeto da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) na área de Direitos Humanos, desenvolvido na Comarca de Solânea, no Agreste da Paraíba, a partir do cultivo de hortaliças orgânicas, com uso de materiais recicláveis. Palestras sobre horticultura e jardinagem apoiam a atividade.
“Estamos conseguindo mostrar o sucesso da ressocialização através da agricultura e do trabalho, principalmente para pequenas unidades prisionais, produzindo alimentos que abastecem o próprio espaço, garantindo também a soberania e a segurança alimentar. Tudo isso com baixo investimento do Estado”, avalia o estudante Sérgio Siddiney, que participa do projeto.
A cada três dias trabalhados, o reeducando diminui um dia da pena. Antes de participar, os presos passam por uma triagem, que consiste em analisar se cometeram pequenos delitos e se estão cumprindo pena pela primeira vez.
As hortas estão instaladas no perímetro interno da unidade prisional. Para melhor aproveitamento do espaço, foram divididas em duas formas: vertical, aproveitando os muros como suporte para os vasos confeccionados a partir de garrafas PET, e horizontal, com pneus usados como vasos.
Segundo Siddiney, no começo das atividades, os apenados estavam descrentes com relação ao projeto, pois não conheciam aquele sistema de produção e não acreditavam que, através de um objeto reciclável na parede, poderia sair um grande pé de alface para usufruir como alimentação.
“A cada dia eles acompanhavam o desenvolvimento das plantas e, a partir disso, foi gerando uma expectativa positiva no resultado final. Na primeira colheita, observamos a aprovação e o interesse de quase todos os detentos em participar das atividades”, conta o aluno.
Atualmente, os professores Diogo Fernandes e Alexandre Eduardo são os coordenadores do projeto. Três estudantes atuam na linha de frente: Sérgio Siddiney, Lucas Bras e Waldilene Rodrigues.
A iniciativa teve início na cidade de Bananeiras, no ano de 2016, através de uma parceria entre estudantes do curso de Agroecologia da UFPB, Comarca de Bananeiras e Sistema Penitenciário Estadual.
O projeto já foi reconhecido pelo prêmio Innovare e Elo Cidadão em 2018, oferecido pela UFPB a ações de extensão exitosas. Também foi finalista no segundo e no terceiro prêmio de fotografia promovido pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB).