A epidemia preocupa o Ministério da Saúde por ainda não haver medicamentos contra a proliferação do vírus
A partir da planta Stillingia loranthacea, substâncias podem atuar como um antiviral. Crédito: Divulgação
Pesquisa realizada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Recife e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), dá passo inicial para obter medicamentos contra a proliferação do vírus da Zika.
O estudo possui o título de “Tri-and Diterpenoids from Stillingia loranthacea as Inhibitors of Zika Virus Replication” e foi publicado, em formato de artigo, no volume 82 do Journal of Natural Products.
O professor do Instituto de Pesquisa em Fármacos e Medicamentos (Ipefarm) da UFPB, Josean Fechine Tavares, descreve que a análise se deu a partir de um extrato bruto da planta Stillingia loranthacea, na qual foram identificadas substâncias com potencial atividade para a obtenção de remédios.
“Realizamos o isolamento e identificação de 14 terpenos da planta Stillingia loranthacea, utilizando técnicas do Laboratório Multiusuário de Caracterização e Análises (LMCA) da UFPB. Percebemos que se tratava de uma classe de substâncias que possuía atividade antiviral”, explica.
De acordo com o professor, a escolha de testar essas substâncias no vírus da Zika surgiu por causa da epidemia, que atingiu o Brasil em 2015, e de o estado da Paraíba ter sido o primeiro com diagnóstico de microcefalia – associado ao vírus – no país.
“Como é uma síndrome que traz preocupação para o Ministério da Saúde e que não possui tratamento medicamentoso contra o vírus, foi realizado um teste quantitativo em que os terpenóides da planta inibiram a replicação dele”, salienta.
Para o pesquisador, a capacidade de desenvolver um medicamento que atue inibindo a carga viral da Zika “vai auxiliar o sistema imune a se defender e diminuir consequências como o desenvolvimento da Síndrome de Guillain-Barré e da Microcefalia em recém-nascidos”.
Josean Tavares ainda ressalta que o artigo “é um teste inicial realizado in vitro, utilizando células. Por isso, são substâncias promissoras para testes in vivo, em laboratório, e, posteriormente, testes clínicos”.