Conhecido como Janeiro Roxo, este mês é dedicado à luta contra a hanseníase, sendo o último domingo deste mês o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase – data instituída pela Lei nº 12.135/2009. O Hospital das Clínicas da UFPE, filial da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), possui um ambulatório específico para tratamento da doença, atendendo, mensalmente, cerca de 60 pacientes. A hanseníase é causada pela bactéria chamada Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen, cujas principais manifestações são na pele e nos nervos periféricos. A coordenadora do Ambulatório de Hanseníase do HC, dermatologista Márcia Oliveira, comenta sobre a doença e o seu tratamento.
O que é a hanseníase?
A hanseníase é uma doença infecciosa de evolução crônica, causada pela bactéria chamada Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen. As principais manifestações são na pele e nos nervos periféricos.
Quais são os sintomas?
A doença pode causar inúmeros sintomas, mas os mais comuns são lesões na pele; manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo com perda ou alteração de sensibilidade térmica (ao calor e ao frio), tátil (ao tato) e à dor, que podem estar, principalmente, nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas.
Como a doença é transmitida?
A doença é transmitida, principalmente, por vias aéreas de um paciente que tem uma forma transmissora da hanseníase para outra pessoa que esteja suscetível a pegar a doença. Poucas pessoas que são infectadas adoecem e isso se deve por questões genéticas e imunológicas.
A hanseníase tem cura?
Sim, a hanseníase tem cura. O ideal é que seja diagnosticada o quanto antes. Dessa forma, nós poderemos eliminar a cadeia de transmissão. Ou seja, tratando e diagnosticando o paciente, podemos evitar que ele transmita a doença para outras pessoas, além de evitar que ele passe mais tempo com a doença, pois a possibilidade de sequelas é maior.
Se a doença não for tratada de modo adequado, quais as consequências?
A hanseníase, se não for tratada, evolui com sequelas graves, que irão repercutir na vida da pessoa para sempre, prejudicando e comprometendo atividades cotidianas. As sequelas são, principalmente, no sistema nervoso periférico. O paciente pode ter dificuldades para andar e segurar objetos, por exemplo.
Como é feito o tratamento? Há efeitos colaterais?
O tratamento da doença é realizado com a poliquimioterapia, uma associação de antibimicrobianos. O tratamento é longo, a depender da forma de hanseníase. Há tratamento que dura seis meses e outro dura um ano. É importante que esse tratamento não seja interrompido e que tenha acompanhamento médico regularmente. Geralmente, as medicações são bem toleradas, não geram muitos efeitos colaterais. Pacientes grávidas e amamentando não precisam alterar a medicação, mas é essencial ter o acompanhamento mensal. O Sistema Único de Saúde disponibiliza o tratamento gratuito, e o acompanhamento da doença em unidades básicas de saúde e centros de referência.
Qual orientação poderia dar à população em geral?
As pessoas precisam ficar sempre atentas. Se uma pessoa apresentar alguma lesão ou mancha na pele, em qualquer parte do corpo, é necessário que ela procure um médico, de preferência, um dermatologista para que seja dado um diagnóstico e iniciado o tratamento. Dessa forma, poderá ser evitado que ela transmita a doença para outras pessoas, além de minimizar possíveis sequelas.