Um grupo de pesquisadores da UTFPR criou um equipamento para auxiliar na busca e resgate de vítimas de desastres naturais. A plataforma inclui um sistema de inteligência artificial que, através de um drone autônomo equipado com sensores, é capaz de encontrar pessoas. Segundo os pesquisadores, o equipamento poderia ser usado, por exemplo, em situações em que os locais de desastre ainda ofereçam riscos ou que sejam de difícil acesso.
Os estudos começaram em junho de 2014 e o projeto foi finalizado em março do ano passado. O coordenador do projeto é o professor Marco Aurelio Wehrmeister, que também é o responsável pelo Laboratório de Engenharia de Sistemas Computacionais do Câmpus Curitiba. Ao lado dele, o trabalho foi desenvolvido pelos alunos do Programa de Pós-Graduação de Engenharia Elétrica e Informática Industrial (CPGEI), Diulhio Candido de Oliveira (doutorando), Ricardo da Rosa (doutorando), Guido Szekir Berger (mestrando), em conjunto com os então bolsistas de iniciação científica do curso de Engenharia da Computação, Matheus Fellype Ferraz (hoje mestrando), Lucas Simões da Silva e Lucas Destefani Fabri.
“O projeto foi bastante desafiador do ponto de vista científico e tecnológico. Houve um período inicial de bastante estudo com pesquisas das tecnologias disponíveis e artigos acadêmicos. Após essa fase, os protótipos da plataforma passaram a ser desenvolvidos e testados. Fizemos testes em laboratório e em campo. Vários voos foram realizados na sede Neoville, pois o local apresenta maior espaço físico e também características que permitiram simular ambientes reais (semelhantes a uma mata, por exemplo)”, explica o professor Marco Wehrmeister.
“Propomos uma solução tecnológica para facilitar o trabalho das equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros para que consigam encontrar uma vítima mais rapidamente. Com isso, evitariam deslocar uma equipe para lugares que ofereçam risco sem necessidade, enviando primeiro o drone, que voa de forma autônoma (sem a necessidade de um piloto), para identificar se há pessoas precisando de ajuda”, explica o coordenador.
O equipamento conta com câmeras térmicas, o que facilita na identificação de sobreviventes que estejam encobertos ou não. Além disso, ele possui uma base de controle em solo.
Outra vantagem do equipamento desenvolvido na UTFPR é o custo. Segundo o professor Marco Aurelio, um drone comercial pilotado pode custar algo em torno de R$ 50 a R$ 60 mil. O modelo projetado, que voa autonomamente, custa algo em torno de R$ 5 mil.
O projeto contou com o investimento de R$ 22,5 mil da Fundação Araucária.
Ambientes internos
Os pesquisadores já estão trabalhando na aplicação do equipamento em ambientes internos, em locais em que não exista GPS ou dificuldades de locomoção (um prédio em chamas, por exemplo). Para isso, foi criado um sistema de localização para ser usado com mais de um drone, explorando a região com mais agilidade. Os estudos fazem parte da tese de doutorado do aluno Ricardo da Rosa, cuja defesa está prevista para o mês de abril, e contou com a parceria de pesquisadores do IPB de Portugal.