Durante evento na tarde desta segunda, 9, no campus Pampulha, a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa da UFMG (Fundep) lançou três chamadas de projetos de inovação destinados ao desenvolvimento da cadeia automotiva no Brasil. A iniciativa é parte do Programa Rota 2030, do governo federal, de estímulo a soluções nas áreas de logística e mobilidade.
Os três editais são vinculados à Linha V do programa, coordenada pela Fundep, que tem como foco biocombustíveis, propulsão e segurança veicular. Os recursos previstos para essa fase somam R$ 21 milhões, e os projetos devem ser baseados em parcerias de instituições de ciência e tecnologia com empresas ou startups do segmento.
A reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, exaltou a conjunção de forças que move o Rota 2030 – ministérios, fundações de apoio, ministérios, empresas – e o grande impacto que o programa promete para o país. “Em contextos de crise, é fundamental o papel das universidades e da pesquisa para gerar oportunidades de transformação”, disse Sandra. “Entramos em processos como este com o que sabemos fazer, que é produzir ciência e inovação, além naturalmente, de educar.”
Sandra destacou também a importância das parceiras entre os setores público e privado e a atuação das fundações de apoio, como a Fundep, que “ajudam a superar obstáculos à inovação ainda criados pela legislação brasileira”.
Segundo o presidente da Fundep, Alfredo Gontijo de Oliveira, o desenvolvimento tecnológico se dá em velocidade exponencial e exerce pressão sobre as universidades. “Por isso, é importante aproximar empresas e instituições de pesquisa e investir em abordagens transdisciplinares para potencializar as oportunidades”, disse Gontijo, que é professor do Instituto de Ciências Exatas da UFMG.
Comitê técnico
Para a seleção dos projetos, a Fundep constituiu um comitê técnico, composto de professores de universidades, como a UFMG e a Unicamp, e representantes de associações como a Anfavea, que reúne as montadoras de veículos, a AEA, dos engenheiros do setor automotivo, e o Sindipeças, que congrega os fabricantes de peças. São 11 membros titulares e 11 suplentes. A UFMG é representada no comitê pela professora Vania Pasa, do Departamento de Química, e pelo professor Juan Carlos Horta, do Departamento de Engenharia Mecânica.
De acordo com o professor Martín Ravetti, diretor da Fundep, a expectativa é que sejam contemplados, no total, 12 projetos para os três editais. A chamada Biocombustíveis vai apoiar iniciativas ligadas sobretudo a bioenergia eficiente; Segurança veicular busca projetos que tratem de materiais, redução de impacto e tecnologias de proteção; Propulsão alternativa à combustão cuida de veículos elétricos ou híbridos, por exemplo.
Cada uma das cinco linhas do Programa Rota 2030 vai aportar pelo menos 40 milhões de reais por ano, durante cinco anos. Os recursos são originados de depósitos feitos por empresas do setor automotivo, que se valem da isenção de impostos de importação. Há uma lista de produtos em que se pode ter imposto reduzido, e cada empresa escolhe em que linha depositar, de acordo com seu interesse por projetos de inovação.
A previsão é que sejam lançadas, ainda em 2020, mais três chamadas da Linha V do Rota 2030, que conta com coordenação técnica da Unicamp, da Universidade de Estadual do Ceará (Uece) e do Centro Universitário FEI.
A Fundep coordena também a Linha IV do Programa Rota 2030, que tem como foco ferramentarias brasileiras mais competitivas. Nesse caso, o intuito é estimular a produção nacional, por exemplo, de matrizes para peças como as portas dos automóveis, que são importadas a preços muito altos.
Quebra de paradigmas
Além de Sandra Almeida e Alfredo Gontijo, compuseram a mesa de abertura do evento o vice-reitor da UFMG, Alessandro Moreira, o secretário de Tecnologias Aplicadas do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, brigadeiro Mauricio Gonçalves, e o coordenador das Indústrias para Mobilidade e Logística do Ministério da Economia, Ricardo Zomer.
Zomer disse que o Programa Rota 2030, política formulada pela pasta da Economia, conta com apoio de diversos outros órgãos e manifestou alegria por ver as ações das diversas linhas tomarem forma. “O programa chega agora a quem sabe fazer, que são as universidades e centros de pesquisa”, disse o coordenador, ressaltando a iminente quebra de paradigmas nos campos da indústria e dos serviços de mobilidade. Ele elogiou a Fundep pelo interesse desde o início das conversas sobre o Rota 2030.
O brigadeiro Mauricio Gonçalves destacou o senso de oportunidade do programa e o potencial do Brasil e, particularmente, de Minas Gerais, para prover insumos e garantir o sucesso do programa. “O Rota 2030 está em linha com políticas do MCTIC relacionadas à inteligência artificial e a materiais como terras raras, o nióbio e o grafeno.”
Os projetos poderão ser submetidos até 6 de abril. Outras informações sobre o Rota 2030 estão no site da Fundep.
Fonte: https://ufmg.br/