Pesquisa usa Isolado de Proteína de Soro de Leite (IPS) com tipo de álcool na produção do plástico; artigo sobre o tema foi publicado em uma das revistas europeias mais respeitadas na área
A substituição do plástico comum por materiais sustentáveis é uma tendência cada vez mais forte na economia mundial. Pesquisa inédita desenvolvida na Universidade Federal de Lavras (UFLA), com a participação do professor do CEFET-MG Araxá, Mário Guimarães Júnior, busca desenvolver novos materiais sustentáveis para produção de embalagens para o setor alimentício. Artigo sobre a pesquisa foi publicado recentemente em uma das revistas científicas mais importantes da área na Europa, a Food Hydrocolloids.
A pesquisa está sendo desenvolvida pela doutoranda da UFLA, Bruna Rage Baldone Lara, com a orientação dos professores Marali Vilela Dias (UFLA) e Mário Guimarães Júnior (CEFET-MG) e tem previsão para ser concluída em 2022. A proposta é buscar polímeros abundantes, de baixo custo e biodegradáveis para a produção das embalagens considerando, entre outros, o teor de umidade e os processos de permeabilidade e de interação com a água. Polímeros são cadeias de moléculas que se unem para formar o plástico.
O professor Mário explica que biopolímeros com origem em resíduos, como o Isolado de Proteína de Soro de Leite (IPS), são bastante adequados para essa situação. “No entanto, a alta afinidade à água fornecida pelos grupos polares desses biopolímeros, influencia nas características químicas e físicas, desencadeando processos de deterioração e alteração de propriedades de textura e de crocância dos alimentos embalados”, avalia. Diante disso, os pesquisadores investiram na mistura do polímero IPS com o álcool polivinílico, que é solúvel em água e tem ótimas propriedades mecânicas, como resistência a tração e flexibilidade.
Segundo o professor, os resultados iniciais mostraram que as novas embalagens se apresentaram maleáveis e com propriedades mecânicas próximas a do polímero à base de petróleo, largamente utilizado no setor de alimentos. “A propriedade de solubilidade em água também foi consideravelmente reduzida, o que é excelente para o armazenamento de alimentos com alto teor de umidade”, destaca Mário, entre outros diferenciais.
A equipe espera que, com as próprias etapas da pesquisa, os tratamentos físicos e químicos dos filmes produzidos promovam a melhoria dessas propriedades e também de outras, como as características óticas, que não foram avaliadas e analisadas nessa fase do trabalho.