Covid-19 é uma doença infecciosa causada pelo novo coronavírus, que ataca o sistema pulmonar e pode causar até pneumonia. Os respiradores mecânicos são dispositivos essenciais no tratamento dessa doença. Por isso, a pandemia de Covid-19, declarada pela Organização Mundial de Saúde no dia 11 de março, pressiona sistemas de saúde de todo o planeta para avaliar a disponibilidade dessas máquinas. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil tem cerca de 46 mil respiradores disponíveis na rede pública de saúde. No dia 29 de março, havia 4.256 pessoas infectadas pelo coronavírus no país.
Os respiradores mecânicos são máquinas que simulam a inspiração e a expulsão do ar, essenciais para o tratamento da doença. Esse processo ocorre por meio de tubos, que conectam o nariz (ou a boca, ou a traqueia) à reserva de ar. Essas máquinas passam por diversos reparos e atualizações, pois o volume de ar “limpo” (a mistura de nitrogênio e oxigênio) deve ser específica para cada paciente, e o ritmo adequado de respiração é regulado pelo sistema eletrônico.
A substituição dos equipamentos utilizados na saúde por outros mais sofisticados é normal e recomendável, para evitar falhas técnicas. Mas a reciclagem desses materiais para outros fins também deve ser estimulada. Foi por isso que o professor Adamo Ferreira Gomes, do Instituto de Física da Universidade Federal de Uberlândia (Infis/UFU), adquiriu ventiladores respiratórios em desuso do Hospital de Clínicas (HC-UFU) para os laboratórios do Instituto.
Os ventiladores eram utilizados, principalmente, pelos alunos do curso de Física Médica, como instrumento de ensino e pesquisa dos futuros profissionais. No entanto, por causa da Covid-19, Gomes decidiu, em parceria com o professor MauricoFoschini (Infis/UFU), fazer os reparos para que os equipamentos exerçam a função original: salvar vidas. “Em situação de emergência, temos que analisar todos os recursos disponíveis. Estamos testando as máquinas dos laboratórios para que elas auxiliem o Hospital. Não imaginei que precisaríamos de tantos respiradores”, afirma Gomes.
A primeira etapa foi entrar em contato com o setor de bioengenharia do HC-UFU, para avaliar a eficácia dos equipamentos. “Esses respiradores foram substituídos, mas ainda sim podem ser úteis. Percebemos que, no geral, a parte eletrônica está funcionando, mas algumas novas peças serão necessárias ”, conta o físico. Após a higienização, as máquinas foram levadas ao Campus Umuarama para aferir a capacidade de compressão dos gases para a respiração. O professor é otimista em relação aos benefícios. “As máquinas que temos são boas. Elas têm processos de umidificação, limpeza das mangueiras que entram em contato com os pacientes etc.”, explica.
A unidade de Bioengenharia do HC-UFU está avaliando os equipamentos disponibilizados pelos laboratórios do Instituto de Física, que, se aprovados, serão utilizados como ventiladores respiratórios reservas. O professor Gomes ressalta a importância do trabalho entre os cientistas e os hospitais: “obter um ventilador respiratório novo é difícil e pode demorar muito. A outra possibilidade é colocar as máquinas em desuso para funcionar, se for possível consertá-las”.
Fonte: UFU