A pesquisa define o perfil de transmissão do Coronavírus nos primeiros 108 casos suspeitos em Macapá.
O esforço de cientistas e pesquisadores para o entendimento do Novo Coronavírus é determinante para o combate da epidemia mundial. Os grandes centros urbanos possuem alta taxa de transmissão devido ao fluxo de pessoas e viagens frequentes pelo mundo, e os estados do norte do Brasil possuem particularidades de acesso que os diferenciam do restante do país. No Amapá, a falta de acesso terrestre a outros estados, limitado ao transporte fluvial e aéreo, é um fator que pode ser crucial para a população em relação à transmissão da COVID-19.
Co-autores da esquerda para a direita: Prof. Anderson Walter Silva, Profa. Maria Helena Araújo, Prof. Dr. Cláudio Gellis, Profa. Dra. Amanda Alves Fecury, Prof. Reza Nassiri, e os discentes Giovana Carvalho Alves, Rodolfo Antonio Corona e Arthur Arantes Da Cunha. Imagem: Divulgação individual
O artigo
Observando os fatores mais regulares de contágio da Sars-Cov-2 (vírus causador da COVID-19), docentes e discentes pesquisadores do Curso de Medicina da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) elaboraram um artigo que define o perfil epidemiológico e o determinante social da COVID-19 em Macapá. O estudo intitulado “Perfil epidemiológico e determinante social do COVID-19 em Macapá, Amapá, Amazônia” é resultado da parceria com o Instituto Federal do Amapá (IFAP), a Secretaria Municipal de Saúde de Macapá (SEMSA), a Universidade Federal do Pará (UFPA), o Centro de Estudos e Pesquisa Aplicada (CEPA) e a Universidade Estadual de Michigan (MSU).
Os estudos das causas de epidemias e das características sociais são necessários para quantificar e analisar as taxas de transmissão do vírus. Diante do aumento crescente de casos do Novo Coronavírus no mundo e os desafios enfrentados pela saúde pública do Brasil, o artigo apresenta os índices de casos suspeitos em Macapá entre o dia 13 de março, quando foi notificado o primeiro caso no país, até o dia 21 de março, quando o Ministério da Saúde declarou a transmissão comunitária no país. A investigação calcula a incidência de casos confirmados nas grandes capitais brasileiras, comparando com as capitais da Amazônia Legal entre o dia 26 de fevereiro a 26 de março. O artigo utiliza dados locais referentes aos primeiros 108 casos suspeitos em Macapá, que informam idade e históricos de saúde coletados pela SEMSA.
O estudo também está disponível em inglês:
Epidemiologic profile and social determinant of COVID-19 in Macapá, Amapá, Amazon, Brazil
Participação de alunos
O estudo teve contribuição de discentes do curso de Medicina da UNIFAP, que participaram da pesquisa com os docentes da universidade e de outras universidades federais e internacionais. “A produção científica é um eixo essencial em qualquer área, principalmente na saúde, e é importante estar em constante atualização. Esse estudo é uma forma de aprendizado única, principalmente, considerando que é o primeiro trabalho que participo sobre uma pandemia”, comenta Giovana Alves, co-autora e acadêmica do quinto semestre do curso de medicina da UNIFAP. Ela explica que o estudo avalia alguns aspectos geográficos, sociais e de saúde particulares de Macapá que podem tornar o panorama e disseminação da doença diferente de outros estados.
Pesquisa foi desenvolvida em trabalho remoto. O discente de medicina Rodolfo Corona (foto) é um dos co-autores.
Para o discente do sétimo período de Medicina, Rodolfo Corona, “é imensamente satisfatório contribuir para o entendimento do comportamento dessa doença no Brasil e na capital amapaense.” Ele afirma que apesar dos acadêmicos co-autores não serem médicos, eles podem fazer ciência através da pesquisa, buscando e transmitindo boas informações para a sociedade.
Apoio internacional entre instituições
O grupo de pesquisa do curso de medicina da UNIFAP também teve apoio e contribuição da Universidade Federal do Pará (UFPA), PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e colaboração do professor doutor, Reza Nassiri, docente da Universidade de Michigan nos Estados Unidos e consultor sênior da ONU para saúde global. Ele foi parceiro no desenvolvimento da pesquisa, construção do artigo e revisão final.
Características próprias
O artigo conclui que Macapá pode apresentar um padrão próprio de disseminação da doença, por possuir características locais, investimentos em prevenção e conscientização e em pesquisas/desenvolvimento científico, econômica e sociais particulares. Fatores que aliados a medidas governamentais de afastamento social para prevenção à COVID-19 podem reduzir o impacto no sistema público de saúde.
Desde a finalização da pesquisa até a publicação do artigo o número de casos confirmados no Amapá cresceu exponencialmente, incluindo confirmações de óbitos. Os estudos devem ser ampliados para acompanhar o comportamento do vírus no Amapá. “Estamos com o intuito de seguir com os estudos, porque o curso da doença é muito ‘dinâmico’, sendo necessárias análises diferenciadas em diversas áreas”, afirma a co-autoraProfªDrª Amanda Fecury, docente e Pró-Reitora da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESPG) da UNIFAP.