UnB, 58 anos depois

De 1962 a 2020, a Universidade de Brasília viveu altos e baixos. Nasceu da euforia pedagógica de Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira. Fez-se parte concreta da nova capital na prancheta primordial de Oscar Niemeyer, adentrando o traçado urbano de Lucio Costa. Estava na cidade recém-criada e vislumbrou um grande futuro a partir de sua colina que mira o Planalto Central.

Em 58 anos, a UnB enfrentou muitos desafios. Primeiro, viu seu ousado projeto educacional ameaçado pela irracionalidade dos que temem a liberdade do conhecimento. O saber foi encurralado ao sabor amargo de um vento antidemocrático. Felizmente, o tempo varreu para os anais da história esse capítulo e permitiu que a Universidade florescesse.

E como se agigantou a UnB nos últimos 35 anos! Reincorporou docentes e técnicos que a haviam deixado em nome da vontade de permanecer sem intervenções e atropelos. Aos poucos, aumentou a sua geografia de lugares, pessoas e números. Chegou com disposição a Planaltina, Ceilândia e Gama. Tornou-se a universidade do Distrito Federal.

Hoje, estamos entre as maiores do país. Atraímos estudantes, docentes e técnicos de todas as regiões para fazer vibrar de diversidade nossos campi. Falamos várias línguas, sotaques, raças, etnias, cores, classes, gêneros. Impulsionamos a economia local, demonstramos nossa posição social estratégica, avançamos cotidianamente rumo à excelência acadêmica.

Neste momento em que o mundo se fecha em casa para enfrentar a pandemia do coronavírus, a Universidade de Brasília exercita movimento duplo. Ao mesmo tempo em que trabalha de forma remota, seus docentes, estudantes e técnicos generosamente se enchem de coragem para ir aos laboratórios fabricar álcool em gel, máscaras protetoras, máquinas de diagnóstico e muito mais.

Sequenciamos o genoma do SARS-CoV-2, pesquisamos efeitos de medicamentos, mostramos alternativas para o enfrentamento da doença, colocamos o Hospital Universitário (HUB) à disposição para receber pacientes graves com a Covid-19. Relatadas diariamente à comunidade por meio dos canais institucionais e da mídia, as ações da UnB nos enchem de orgulho e esperança.

Os médicos Juscelino Kubitschek e Ernesto Silva, os engenheiros Bernardo Sayão e Joffre Parada, o poeta Joaquim Cardozo (das palavras e dos cálculos) e o artista plástico Athos Bulcão, entre outros criadores da capital, não estudaram na UnB, é verdade. Mas temos a certeza de que veriam o futuro da Universidade espelhado no passado corajoso e alicerçado em seu presente plural.

A Universidade de Brasília é pública. A Universidade de Brasília, portanto, pertence a todos nós. Hoje é dia de celebrar sua existência amorosa dentro de Brasília, uma das maiores realizações do povo brasileiro. Das janelas temporárias de nossas casas, em paz e com saúde, aplaudimos a cultura e a ciência que convivem em harmonia no coração do Brasil.

Vida linda e longa a Brasília. À UnB, vida linda, longa e com louvor.

Márcia Abrahão Moura
Reitora

Enrique Huelva
Vice-reitor