UFMS – Estudo indica possível colapso do sistema de saúde do estado e alerta para Campo Grande

Novo relatório semanal sobre a modelagem matemática dos casos da Covid-19 no estado do MS e na cidade de Campo Grande, desenvolvido pelos professores Erlandson Saraiva (Instituto de Matemática) e Leandro Sauer (Escola de Administração e Negócios), e repassados à Secretaria Municipal de Saúde Pública de Campo Grande (Sesau), apontou aumento significativo dos casos confirmados no estado a partir do 55º dia de controle, ou seja, último dia 7 de maio.

Dessa vez, devido a este aumento, não foi possível ajustar um único modelo matemático aos dados. Por isso, para obter um modelo matemático que explique os dados do MS de maneira satisfatória, os professores dividiram os dados dos 86 dias em dois subconjuntos de dados, denominados de D1 e D2. Então, ajustaram um modelo de crescimento Gompertz para cada subconjunto de dados.

O ponto de inflexão do modelo ajustado aos dados D2 não pertence ao intervalo de dias considerado, segundo os pesquisadores. “Isto indica que se nada for feito para conter a proliferação da Covid-19 no MS não teremos um mudança do comportamento crescente da curva até 31/07/20 e mantido este cenário, o modelo indica que teremos no estado  60.702 casos até essa data”.

Atendimento

Os modelos também permitem aos professores projetar a quantidade de indivíduos diagnosticados com a Covid-19 que precisarão de atendimento em leitos clínicos e da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

“As estimativas obtidas indicam um possível colapso do sistema de saúde pública do MS para a primeira quinzena do mês de Agosto. Para o dia 146 (6/8/20) é estimado que 1.106 pacientes precisarão de atendimento em leitos clínicos; e para o dia 152 (12/8/20) é estimado que 303 pacientes precisarão de atendimento em leitos de UTI. As quantidades de leitos clínicos e de UTI disponíveis são 1.068 e 299, respectivamente”, expõem os pesquisadores.

Os professores salientam, contudo, que neste momento é recomendado monitorar dia a dia as quantidades estimadas pelos modelos até apresentar satisfatória estabilização, especialmente da taxa de notificação. “Com a estabilização, poderemos obter o modelo que melhor explica os dados registrados. Antes da estabilização podemos ter mudanças significativas nos modelos ajustados de uma semana para outra”, completam.

Campo Grande

Já para a Capital a situação se apresenta controlada, mas os dados começam a indicar o início de um cenário com aumento significativo de casos confirmados, segundo os professores.

No mesmo período de 86 dias (de 14/3/20 à 7/5/20) foram confirmados 388 casos da Covid-19 na cidade.

“As quantidades registradas na primeira semana do mês de junho não se comportou de acordo com o modelo Gompertz ajustado na semana passada (31/5/20). Ou seja, as quantidades registradas levaram a uma inclinação da curva, o que não é desejado. O ideal é que as quantidades registradas estejam sempre abaixo da curva estimada; pois isto levaria ao desejado “achatamento” da curva. Esta inclinação da curva pode ser um reflexo da redução do isolamento social”, completam.