Grupo de pesquisadores da UFG tem trabalhado desde março com a modelagem para compreender o avanço da Covid-19 no estado
A Universidade Federal de Goiás (UFG) repudia de forma veemente qualquer tipo de difamação no sentido de desacreditar o trabalho científico de pesquisadores que trabalham arduamente colaborando pelo bem estar social. A comunidade da UFG está perplexa diante dos ataques que professores da instituição têm sofrido em virtude de estudos publicados que reforçam a necessidade de isolamento social para o combate à Covid-19.
Reforçamos o caráter científico das pesquisas, sempre baseada em critérios rigorosos de apuração e checagem dos fatos à luz da ciência, bem como a capacidade técnica dos pesquisadores e professores envolvidos, que formam uma equipe interdisciplinar de excelência internacional e com ampla experiência em bioestatística, modelagem computacional e epidemiologia. Entendemos que podemos dessa forma contribuir para auxiliar o planejamento e a gestão de políticas públicas no Brasil, formando uma frente ampla para o enfrentamento da pandemia da Covid-19.
O estudo apresentado ao governo do Estado de Goiás, no dia 29/06, feito pelos pesquisadores da UFG Thiago Rangel (ICB), José Alexandre Diniz Filho (ICB) e Cristiana Toscano (IPTSP) alerta para a rápida expansão da Covid-19 no Estado, inclusive para o interior do Estado. O estudo também mostra claramente que milhares de mortes ocorrerão em Goiás se nenhuma medida for tomada e se a pandemia continuar a avançar na mesma velocidade. Até o presente momento, o modelo de expansão da doença criado pelos pesquisadores da UFG tem sido capaz de prever corretamente os eventos de número de óbitos e hospitalização a partir dos níveis de isolamento social no Estado, o que leva à conclusão que é preciso reforçar ainda mais a necessidade de adotar um isolamento social mais rigoroso, associado a outras medidas que permitam um combate mais eficiente da pandemia. A preocupação primeira da UFG é no sentido de poupar vidas e não há outro caminho conhecido até o momento que não seja o isolamento social cumprido de forma responsável por todos os brasileiros.
O resultado do isolamento social conseguido no início da pandemia em Goiás, já respaldado nas primeiras versões do modelo desenvolvido pelo grupo de pesquisadores, permitiu que o governo do Estado pudesse se preparar melhor para atender aos goianos acometidos pela infecção da Covid-19. No entanto, a diminuição do engajamento social quanto à adoção do isolamento ao longo do tempo culminou em um aumento alarmante do número de casos nas últimas semanas. A UFG reforça, com base empírica e científica, que caso não haja diminuição da taxa de transmissão da doença o sistema de saúde atual não conseguirá atender a todos os pacientes que dele necessitarem com a quantidade atual de leitos disponíveis. A única intenção desses estudos é utilizar da capacidade técnica e científica da UFG para auxiliar e subsidiar políticas públicas para nosso estado.
Infelizmente vivemos um momento em que foi disseminada a crença que há uma oposição entre economia e saúde, o que é inverídico visto que ambas se estruturam de forma a promover o bem estar coletivo e não apenas individual ou de minorias privilegiadas. A UFG segue ao lado da sociedade e não deixará de continuar subsidiando políticas públicas com informações científicas para evitar calamidades de efeitos catastróficos e não conhecidos resultantes da pandemia.
Desde março deste ano a instituição tem trabalhado incansavelmente, em diversas frentes, para continuar devolvendo a sociedade o investimento recebido ao longo dos seus quase 60 anos de idônea história e irrefutável contribuição ao desenvolvimento de nossa sociedade. E assim prosseguiremos preservando a vida, a liberdade de pensamento e acima de tudo a dignidade da pessoa humana.