Nesta semana, a Universidade Federal do Oeste da Bahia completará 125 dias de implementação de seu plano de contingência, que exigiu, dentre outras medidas, a suspensão das atividades acadêmico-administrativas presenciais.
De maneira responsável e ciente de seu papel regional, diversas iniciativas permitiram que o funcionamento de parte das atividades pudesse ser mantida de maneira remota, preservando a saúde e vida dos membros de nossa comunidade e cumprindo com uma função coletiva no esforço para conter o avanço acelerado da pandemia.
Toda a estrutura administrativa da universidade se viu obrigada a adequar-se de maneira rápida, levando à mudança de rotinas e exigindo esforço considerável dos servidores no desempenho de trabalho em domicílio, modificação de fluxos de processos, amplificação de medidas de segurança e adequação às normas sanitárias.
Além disso, as atividades finalísticas da universidade têm sofrido o maior impacto quanto à sua realização, o que já era de se esperar, uma vez que o processo educacional envolve níveis distintos de interação social, os quais dificilmente podem ser substituídos ou alcancem os objetivos e metas exigidos para uma formação plena dos sujeitos.
Contudo, temos segurança em afirmar que as medidas de distanciamento físico adotadas até aqui estão pautadas em fundamentos e dados científicos que, apesar de não serem capazes de preencher todas as lacunas que envolvem a complexidade do enfrentamento da pandemia, são medidas indiscutíveis para a preservação de vidas. Contudo, são inúmeros os impactos sociais, econômicos e na saúde de toda nossa comunidade acadêmica, cujos efeitos podem se manifestar de maneira individual, mas merecem igual acompanhamento e apoio institucional.
Hoje, podemos afirmar que o conjunto de dados científicos, o avanço do contágio, a adoção de medidas de flexibilização de atividades não-essenciais e a fragilidade imposta pela pandemia ao sistema de saúde dificultam sobremaneira o retorno presencial às atividades finalísticas na universidade, visto se tratar de ambiente sensível ao avanço da doença.
Entretanto, nas últimas semanas, várias ações institucionais têm permitido ampliar a busca por horizontes mais seguros e possíveis. Em uma delas, o conjunto de instituições de Ensino Superior do Estado da Bahia, representado pelos seus respectivos dirigentes, tem debatido e avançado na construção de uma rede colaborativa que agrega as dez instituições, federais e estaduais, num esforço de compartilhar espaços, momentos formativos, recursos e conteúdos visando ampliar ações de acolhimento e inclusão, com qualidade. Em outra iniciativa, esforços da Rede Nacional de Pesquisa, em parceria com a Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação, ampliaram a possibilidade de inclusão às tecnologias de informação e comunicação, ferramentas que podem contribuir para a minimização dos efeitos provocados pelo distanciamento físico das comunidades acadêmicas.
Finalmente, em âmbito local, nesta segunda-feira, dia 20 de julho, a Comissão instituída pelo Conselho Universitário, que teve por desafio a elaboração de um plano institucional a ser implementado pela UFOB para o ano de 2020, encaminhou à presidência do conselho o relatório de trabalho, o qual é resultado de um esforço coletivo que se mostra atento a diversos aspectos impostos pelo cenário atual, reconhece os limites institucionais e propõe uma metodologia para uma possível implementação de ações.
O esforço da comissão congrega diagnósticos variados e se mostra atenta ao compromisso em pautar a necessidade de implementação de ação suplementar que não substitui o planejamento acadêmico elaborado para o ano de 2020 e, ao mesmo tempo, repensa as atividades de ensino, pesquisa e extensão, adaptados a um formato que favoreça a cooperação entre docentes e flexibiliza a adesão estudantil, permitindo ainda o aproveitamento de estudos que venham a ser realizados.
É relevante mencionar que reconhecemos os desafios para a não ampliação das desigualdades já existentes, mas sabemos da importância de agirmos de maneira coletiva e solidária no uso consciente e atento das ferramentas e meios que dispomos. Acreditamos que nosso papel institucional, que envolve desde as ações pragmáticas já adotadas até aqui, pode também ser mobilizado para que possamos ampliar nossa interação com a comunidade, em especial com o coletivo estudantil, o qual deposita grande parte de suas esperanças na universidade.
Dentre os horizontes possíveis, a ampliação de canais de comunicação e de interação social, mesmo que mediados pelo uso de tecnologias pode ser uma alternativa, sobretudo, se considerarmos que as tecnologias de informação e comunicação, desde que adequadas, sejam adotadas de maneira emergencial e excepcional. Contudo, demandam novas aprendizagens e exigem elevado grau de solidariedade.
Resta-nos, portanto, conclamar nossa comunidade a debater os desafios acadêmicos a serem enfrentados e as medidas que podemos adotar para ampliar nossa interação e subsidiar ações que fortaleçam nossa comunidade e nossa instituição. Sabemos que uma saída única ou mesmo a garantia de todas as prerrogativas que norteiam o nosso fazer diário serão difíceis de serem alcançados neste momento. Contudo, nossa capacidade de diálogo e a compreensão das diferentes condições de trabalho dos nossos técnicos-administrativos em educação e docentes, bem como de nossos estudantes, são elementos que nos permitem avançar na construção de uma proposta possível.
É com este espírito de empatia, alteridade, solidariedade e de entrega constante em defesa da universidade pública brasileira, que convocamos nossa comunidade acadêmica para superarmos mais este desafio.
Para isso, acreditamos que cada unidade acadêmica deve debater o atual cenário e a proposta apresentada pela comissão. Além disso, a Administração Central se coloca à disposição dos respectivos Conselhos Diretores para ouvir e colaborar naquilo que se fizer necessário para a superação dos desafios impostos.
Acesse a Proposta de plano de ação para o desenvolvimento de atividades fins da UFOB aqui