A proposta foi elaborada por uma comissão criada especialmente para definir a forma como serão ofertadas disciplinas neste período; adesão de docentes e discentes é facultativa
Publicado: 11/08/2020 18h20,Última modificação: 11/08/2020 19h42
Por meio de diferentes ações, a UNILA vem buscando alternativas para minimizar os impactos na vida acadêmica durante este período de pandemia e está avaliando a implantação do ensino remoto emergencial. A minuta com as regras para esse período será avaliada na reunião da Comissão Superior de Ensino (COSUEN), marcada para esta sexta-feira (14).
A minuta foi elaborada pela Comissão de Acompanhamento e Planejamento de Atividades Acadêmicas – criada no final de junho para definir estratégias para o ensino –, após a realização de uma consulta pública, da qual participaram estudantes e professores (leia mais). O calendário proposto na minuta precisa passar pelo Conselho Universitário (CONSUN). A apresentação está programada para 28 de agosto
O calendário proposto na minuta, e que ainda deverá passar pelas duas avaliações, estabelece o início das aulas em sistema remoto no dia 21 de setembro com término em dezembro. As aulas presenciais na UNILA estão suspensas desde 17 de março, após consulta aos gestores acadêmicos e ao comitê criado para o enfrentamento da Covid-19 na UNILA.
O presidente da Comissão e pró-reitor adjunto de Graduação, Hermes Schmitz, explica que a adesão ao ensino remoto será facultativa, tanto para professores como para alunos. “O que está sendo proposto é em caráter facultativo, não obrigatório. O que nós estamos propondo é um período especial emergencial. Não é um semestre regular. Também não seriam todas as disciplinas, porque algumas não têm condições de serem adequadas ao formato remoto”, comenta.
Ele salienta que, no processo de construção da proposta de ensino remoto, a comissão se preocupou com a “capacidade técnica ou condições de saúde, pessoais, tanto dos docentes quanto dos discentes”. “Está todo mundo trabalhando em casa, com seus próprios equipamentos, às vezes cuidando de filhos. Buscamos deixar esse caráter facultativo até para respeitar não só as necessidades técnicas e pedagógicas das disciplinas, mas também essas situações pessoais”, afirma.
Tecnologia
Em relação às dificuldades técnicas apontadas na consulta pública, a comissão está organizando o 1º Ciclo de Vivências Formativas, direcionado aos docentes e que terá como tema as “Tecnologias na Educação Superior”. Um formulário de pré-inscrição está disponível no Sistema Inscreva até 15 de agosto. No formulário, o docente deverá indicar de quais vivências gostaria de participar: Práticas docentes com recursos tecnológicos; H5P: produzindo vídeos interativos; e Ambientes virtuais para o Ensino Emergencial Remoto (Moodle, turmas virtuais no SIGAA e Google Classroom). “Importante pontuar que a capacitação docente não vai ser esgotada nessa iniciativa”, reforça Schmitz. A comissão também está estudando a oferta de palestras (lives) e cursos.
Os docentes, como apontou a pesquisa, não têm muitas dificuldades com relação a equipamentos e a infraestrutura necessária para o ensino remoto. “A parte mais sensível são os discentes”, aponta o presidente da Comissão. Como solução para este problema, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) conta com 580 vagas de auxilio digital do MEC e está estudando o orçamento para atender as demandas estudantis por meio de editais de auxílio digital próprios. A intenção, segundo a pró-reitora em exercício Roseane de Souza, é que, com a aprovação do ensino remoto, os editais sejam publicados na última quinzena de agosto.
A proposta de ensino remoto que está sendo apresentada também foi baseada em ações que estão sendo adotadas por outras universidades. “Muitas adotaram um período especial, como estamos fazendo, algumas decidiram pela continuidade do semestre 2020.1. Mas, mesmo nesses casos, não são todas as disciplinas nem todos os alunos que estão continuando. Embora elas terminem o semestre em teoria, na prática muita coisa ficou para trás e vai ter que ser respondida depois”, salientou Schmitz. “Criamos uma alternativa própria. Não é idêntica a nenhuma outra universidade, mas é baseada, fundamentada nessas experiências.”
A adesão ou não ao ensino remoto será decidida pelos colegiados de cursos, que também deverão apontar quais disciplinas serão ofertadas. Na sequência, serão abertas as turmas e o período de matrículas, o que tomaria o início de setembro, se aprovado o calendário proposto, que prevê para dezembro o final das disciplinas. “Dependendo das condições epidemiológicas, esse prazo pode ser prorrogado”, ressalva.
Novos tempos
Para Hermes Schmitz, o ensino remoto pode aprofundar o contato da Universidade com a sociedade. “Tenho esperanças que a gente aprenda muita coisa. Agora que nos vimos obrigados a trabalhar com ensino remoto, mais do que uma gambiarra, apenas para este momento, é uma oportunidade de nos aproximarmos da sociedade e atingir pessoas que não atingíamos antes”, aponta. A produção dos conteúdos, exemplifica, poderá servir também para cursos de extensão e divulgação científica. “No ensino presencial, com todas as suas potencialidades obviamente, o conhecimento fica entre o professor e o aluno, dentro da sala de aula. Agora, no ensino remoto, estamos produzindo um material que pode ser utilizado para muito mais do que isso. Eu já dei palestra em que meu aluno estava em casa, acompanhando com a família. Quando é que a mãe de um aluno iria ver minha aula?”, observa.