O evento durou todo o final de semana; foram mais de dez horas de atividades. (Imagem: Nádia Carvalho/reprodução)
Três dias. Mais de 20 horas de atividades. Uma verdadeira maratona em busca de projetos e soluções inovadores voltados para as necessidades geradas pela pandemia do novo coronavírus. Assim foi o 2º Hackathon do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV), que terminou na noite do último domingo, 30. Das dez equipes participantes, quatro foram premiadas. E sobraram boas ideias. É o caso, por exemplo, do projeto dos estudantes de Medicina Yara de Oliveira, Júlia Vieira e Guilherme Tatagiba, que utiliza um aplicativo de mensagens para dialogar com o paciente do Sistema Único de Saúde (SUS) e encaminhá-lo para o melhor local de atendimento, de acordo com os sintomas relatados. “Nosso projeto foi pensado a partir do dado do Ministério da Saúde, de que cerca de 80% dos problemas de saúde podem ser resolvidos na atenção básica e, a maior utilização de pronto atendimentos para casos leves gera um elevado custo para o SUS. Também ressaltamos a importância de um atendimento rápido do paciente, sem grandes aglomerações nos pontos de atenção à saúde”, explicou Oliveira. A comunicação à distância também está na essência de uma outra iniciativa premiada. Desenvolvida por Marco Thúlio Saviatto, Emilio Guedes e Yzamara Dutra – os três da Medicina – e por Victor Ramon, da Economia, a plataforma permite a troca segura de mensagens entre usuários e servidores do SUS. De acordo com Saviatto, a ideia surgiu após a participação dos estudantes no projeto de extensão Orienta Covid, quando observaram que “muitas unidades básicas de saúde não possuíam linha de telefone própria e as pessoas, com frequência, recorriam ao WhatsApp, de maneira informal, para estabelecer esse contato”, principalmente durante a pandemia. O resultado foi um projeto que formaliza esse contato e reduz a responsabilidade dos servidores sobre os dados das conversas. Já o objetivo do projeto dos futuros dentistas Ana Paula Antonieto, Éwerton Machado, Lucas Calheiros e Thayse Chaves visa personalizar a venda de produtos aos profissionais da área odontológica. “Hoje existe uma diversidade de equipamentos e materiais odontológicos no mercado e muitas vezes o dentista tem dúvida do que deve utilizar. O nosso negócio é a criação de uma plataforma que atende a esses dentistas de forma personalizada, buscando o melhor custo-benefício para otimização dos resultados, lucratividade e garantia de qualidade”, detalha Chaves. Outra área também beneficiada pelo 2º Hackathon é a fisioterapia. Três professores (Alessa Brugiolo, Ludimila Forechi e Thaís Contenças) e duas alunas (Rayane Quintão e Letycia Teles) do curso da UFJF-GV criaram um aplicativo para avaliação em fisioterapia geriátrica que fornece “maior eficiência, comodidade e organização” e ainda possibilita a telereabilitação: “O grande diferencial é a diminuição do tempo nas avaliações pela utilização de um algoritmo capaz de estratificar os pacientes a partir de informações cognitivas e funcionais iniciais, selecionando os testes mais adequados para avaliar cada paciente, interpretando automaticamente os resultados, e apresentando um relatório completo, em interface simples, que classifica o risco de queda. Auxilia na prescrição do tratamento pelo fisioterapeuta, que seleciona em um banco de dados os exercícios a serem realizados a domicílio pelo idoso”, explica Brugiolo. Na avaliação da coordenadora do Grupo de Trabalho em Inovação, Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da UFJF-GV (GT Inovação), um dos responsáveis pelo hackathon, esta edição surpreendeu a organização. “Tivemos receio se na modalidade on-line conseguiríamos ter toda a energia e motivação que uma maratona assim requer. Mas os participantes não só se dedicaram quanto se desafiaram e encararam toda a dinâmica do evento. Muitos já entraram em contato agradecendo a experiência vivenciada. Isso para nós é motivador e muito gratificante”, comemora Nádia Carvalho. Além do GT-Inovação, este 2º Hackathon contou com a adesão e colaboração do Critt – órgão da UFJF responsável por valorizar e fomentar soluções inovadoras no ambiente acadêmico – da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Governador Valadares e do Sebrae.