Enquanto grande parte dos cientistas pelo mundo se concentra na descoberta da vacina contra a pandemia, outra grande parte aposta em tratamentos alternativos. É o caso, por exemplo, de uma pesquisa desenvolvida na UNIFAL-MG, cujo objetivo é identificar medicamentos indicados para outras doenças, que também podem impedir ou reduzir o vírus causador da Covid-19.
A pesquisa, liderada pelo professor Rômulo Dias Novaes, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade, foi aprovada para desenvolvimento, na Chamada de Projetos e Ações de Pesquisa e Inovação para o Enfrentamento à Covid-19, lançada pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG) da UNIFAL-MG. Para realização, a pesquisa conta com investimento de R$ 150 mil.
Conforme o coordenador, o estudo passa por três etapas. Na primeira, existe um processo de identificação dos medicamentos que possam se ligar às moléculas do vírus e dificultar a sua capacidade de infectar células. “No nosso projeto, inicialmente iremos selecionar proteínas importantes do vírus Sars-CoV-2, e que são importantes para o vírus invadir e se multiplicar nas células hospedeiras. Essas proteínas serão utilizadas como potenciais alvos terapêuticos”, explica.
Após selecionar os alvos, em uma segunda etapa, a equipe utilizará simulações computacionais para verificar, dentro de um conjunto de 1.700 medicamentos, quais são capazes de se ligar em grande afinidade às proteínas do vírus. “Iremos investigar em laboratório se esses medicamentos são tóxicos ou não quando colocados em contato com células do pulmão”, acrescenta, esclarecendo que essas células são importantes, por serem aquelas infectadas pelo vírus causador da Covid-19.
Na terceira etapa, os medicamentos com capacidade de se ligar aos alvos do vírus e que não se apresentarem tóxicos serão testados em laboratórios em células infectadas com Sars-CoV-2. “A partir desses testes, será possível identificar quais os medicamentos conseguem impedir ou reduzir a taxa de infecção sem causar danos às células hospedeiras. Com esses testes, os medicamentos que forem seguros e apresentarem melhor efeito antiviral poderão ser melhor explorados em estudos com pacientes com Covid-19”, afirma.
O objetivo, segundo Prof. Rômulo, é fazer com que os resultados promissores, possam contribuir nos próximos 12 meses, com uma resposta efetiva para desenvolver estudos clínicos em centros médicos especializados no tratamento da Covid-19. “Com o desenvolvimento dessa pesquisa, resultados promissores poderão revelar medicamentos seguros e capazes de impedir ou reduzir a habilidade do vírus causador da Covid-19 de invadir e se multiplicar nas células hospedeiras”, salienta.
Ao reforçar a importância do estudo na busca por medicamentos eficientes para o tratamento de pacientes com a doença, Prof. Rômulo opina: “como o vírus precisa invadir uma célula para se multiplicar e propagar a infecção, medicamentos capazes de interferir nesse processo podem diminuir a capacidade do vírus de danificar as células. Identificar esses medicamentos é fundamental para a descoberta de tratamentos eficientes contra a Covid-19.”
A equipe científica é formada por professores com ampla experiência em pesquisa experimental, das áreas de bioinformática, biologia molecular, farmacologia, parasitologia, microbiologia e virologia. “O conhecimento integrado desses profissionais agrega valor ao estudo, contribuindo com uma visão mais ampla e integrada do desenvolvimento de novas alternativas para o tratamento de uma doença emergente com impacto global”, comenta o coordenador.