A equipe do Laboratório de Biologia Molecular para Covid-19 da Ufopa (Labimol) vem investigando um possível caso de reinfecção pelo SARS-Cov-2. “Essas análises são complexas, envolvem diversos estudos e variáveis”, explica o professor Marcos Prado, coordenador do Labimol. A paciente do caso em questão teve um diagnóstico positivo confirmado pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), de Belém, em maio e voltou a sentir os sintomas em agosto, quando fez o teste novamente, dessa vez pelo laboratório da Ufopa, e voltou a testar positivo.
A amostra do Labimol foi enviada para o Lacen e, de lá, foram para o Instituto Evandro Chagas, responsável por fazer a análise das duas amostras e verificar a linhagem dos vírus. “Se eles forem de linhagens diferentes, então teremos um caso de reinfecção confirmado no Brasil”, afirma Prado.
Ampliação da testagem – Para melhor compreensão da doença na região, o Labimol está ampliando as testagens. Com dois meses de funcionamento, o laboratório já atingiu a marca de 3 mil testes realizados. Até então, os testes só ocorriam em pacientes internados em unidades hospitalares. Após uma reunião realizada no último dia 4 com os secretários de saúde dos vinte municípios que integram a 9ª Centro Regional da Sespa (CRS), ficou definido que a testagem poderá ser feita em pacientes que não estão internados. “Qualquer pessoa que apresente os sintomas típicos da Covid-19 pode se dirigir a uma unidade de saúde, onde será feita a coleta, e o material será enviado ao Labimol para análise”. O procedimento é importante para garantir, de forma mais rápida, conduta médica e tratamento adequados.
Em Santarém, o Labimol passou a realizar coletas dentro da escola Álvaro Adolfo da Silveira, no ambulatório do Hospital Municipal. “Qualquer pessoa que apresente os sintomas pode se dirigir ao ambulatório que funciona na escola, receber a atenção médica e ter a coleta realizada”. O material será enviado ao Labimol e, em 48 horas, o resultado estará disponível. Esse serviço também está sendo oferecido nos outros municípios da região, através dos hospitais públicos, onde são feitas as coletas. “Acreditamos que a testagem continua sendo a melhor alternativa para controle da doença e para evitarmos uma segunda onda de infecção pela Covid-19 em nossa região”, conclui Marcos.
Populações indígenas e ribeirinhas – Através de convênios com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Projeto Saúde e Alegria (PSA), a equipe do Labimol ampliou sua atuação e vem testando populações de comunidades ribeirinhas e aldeias indígenas. A testagem em comunidades indígenas ocorre através de uma parceria da Fiocruz com o DSEI [Distrito Sanitário Especial Indígena]. O suporte do PSA permite a testagem de moradores das comunidades ribeirinhas.
Em julho, foi realizada a testagem de comunidades do Tapajós durante uma viagem do Abaré, com 70% de resultados positivos para Covid-19. Em agosto, foi realizada a testagem em aldeias da etnia Kayapo, no município Novo Progresso. Foram 22,5% de resultados positivos. Em setembro, devem ser testados mais mil indígenas de aldeias das etnias Kayapo e Munduruku, assim como moradores de comunidades ribeirinhas do Tapajós.
Sobre o Labimol – O Laboratório é coordenado pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), funciona nas dependências do Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, e conta com a parceria do Governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria Regional de Governo e Secretaria de Saúde do Estado (Sespa). Além do professor Marcos Prado, a professora Heloísa Nascimento e o professor Gabriel Iketani também compõem a equipe da Ufopa que atua no Labimol. Todos possuem formação em genética molecular.
Leia mais: Labimol atinge a marca de 3 mil testes para Covid-19 no Oeste do Pará
Renata Dantas – Comunicação/Ufopa