UFAL – Outubro Rosa na Ufal

Eliane Cavalcanti falou sobre tabu e prevenção mesmo durante a pandemia

“Uma pessoa que em algum momento pensou em desistir, mas resistiu e venceu”. Assim se autodefine a maior representante feminina da Universidade Federal de Alagoas, a vice-reitora Eliane Cavalcanti. Entre as inúmeras vitórias da carreira, é uma luta vencida na vida pessoal que ela quer compartilhar: a cura do câncer de mama.

“Numa bela manhã de chuva em Arapiraca, vou tomar banho e ao fazer o autoexame encontro um pequeno nódulo, que na apalpação doeu. No outro dia, percebi que os linfonodos axilares direito estavam inchados e incomodando. Rapidamente procurei o serviço de saúde, e em poucos dias fui diagnosticada com câncer de mama. Na hora, o sentimento foi de um soco. Abriu um buraco em meu peito e, no chão, um buraco negro”, lembra.

Neste exato momento, no mês de conscientização sobre a doença, milhares de mulheres estão sentindo o chão se abrir, assim como a professora Eliane sentiu em 2010, aos 34 anos. Mas o que ela fez a partir dali pode inspirar e mudar a vida de muita gente que acha que perdeu o combate: “O dia clareou e, com ele, me enchi de esperança. Acordei para enfrentar mais uma batalha, pois tinha todos os motivos do mundo para vencer – família, amigos, comida, remédio e muita fé. Entrei de cabeça no tratamento!”.

Tratar precocemente o câncer de mama aumenta as chances de cura e as possibilidades de métodos menos agressivos. A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é de mais de 66 mil novos casos da doença em 2020, por isso, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) foca na campanha “Quanto antes melhor”, para estimular o diagnóstico nas fases iniciais. E um fator essencial para as taxas de sucesso, alertado pelos médicos, é o autocuidado.

“Primeira coisa, se ame! A segunda, conheça seu corpo. Não tenha vergonha. Seu corpo é sua identidade. Terceiro, procure um profissional. Faça os exames de imagens. Se cuide. Lembre-se: você é extremamente importante”, enfatizou a vice-reitora, que também tem formação na área da saúde.

Tabu e pandemia

O mundo inteiro se deparou com números assustadores de doentes e mortos em 2020 por causa da covid-19. A pandemia acendeu o sinal amarelo para cuidados com a saúde na tentativa de evitar um vírus novo, mas os riscos do câncer de mama não deixaram de existir. Segundo o Inca, cerca de 30% dos casos podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis que também não podem ser esquecidos durante a pandemia, a exemplo de praticar atividades físicas, alimentar-se bem e evitar consumo de bebidas alcóolicas.

“Durante esse período, perdemos grandes amores – maridos, esposas, filhos, irmãos, amigos – para o novo Coronavírus, e para outras patologias que surgiram e evoluíram sem o devido tratamento. O autocuidado ficou ainda mais complicado, porque serviços médicos foram temporariamente fechados e a grande maioria dos profissionais de saúde focou no combate ao vírus”, ressaltou Eliane.

 

Mas ela reforça que apesar do ano difícil e atípico, outro importante fator convive com a população de risco há mais tempo: o preconceito. “O autocuidado é negligenciado pelo tabu que parte das mulheres tem em conhecer o seu corpo. As mulheres de um modo geral, desde a infância, precisam saber a importância de suas mamas, que não são só para amamentar. As instituições de ensino precisam abordar a temática. Os pais precisam orientar seus filhos sobre a importância e os cuidados com as mamas, porque o câncer de mama não acomete apenas mulheres, acomete homens também. Precisamos, mobilizar ainda mais”, disse.

Fatores genéticos e hereditários, além de históricos reprodutivos e hormonais também aumentam os riscos de desenvolver a doença, mas quando o outubro fica rosa para alertar e conscientizar, a mensagem é sempre de esperança, de positividade e de que prevenção também ganha batalhas: “Somos únicas. Portanto, se cuidem! Cuidar da sua saúde é cuidar de você e das pessoas que te amam. Vivam! Lutem!”.