A polarização política no país é um dos fatores mais importantes que explicam as diferenças de comportamento dos brasileiros em relação à Covid-19. Opositores do governo federal estão mais preocupados com a pandemia, sabem mais sobre a doença e têm maior intenção de se vacinarem quando uma vacina estiver disponível para a população. Já os brasileiros que avaliam favoravelmente a gestão do presidente Jair Bolsonaro estão menos preocupados, sabem menos e também têm menor intenção de se vacinarem.
Esses são alguns resultados da pesquisa “A comunicação no enfrentamento à Covid-19”, conduzido pelo Centro de Pesquisa em Comunicação Política e Saúde Pública da Universidade de Brasília (CPS/UnB) em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Western University (Canadá). O estudo entrevistou 2.771 brasileiros, numa amostra que buscou representar a população brasileira com cotas de gênero, idade, região geográfica e classe social.
Entre os dias 23 de setembro e 2 de outubro, quando foram feitas as entrevistas, 35,2% dos brasileiros consideravam o desempenho do governo federal “ótimo” ou “bom”, 21,6% diziam que era “regular” e 43,2% avaliavam a atual administração como “ruim” ou “péssima”. Com relação à pandemia, esses três grupos tinham atitudes, opiniões e comportamentos muito diferentes. Entre os mais críticos ao governo, apenas 1,4% não estavam nada preocupados com a doença. Entre os brasileiros mais satisfeitos com o governo, o percentual era de 8,7%. Já os que estavam muito preocupados com a doença eram apenas 21% dos mais satisfeitos com o governo e mais que o dobro entre os insatisfeitos (44,8%).