Substância pode ser utilizada como matéria-prima em diversos processos industriais
Além de inovar a produção industrial brasileira, a aplicação da endoglucanase poderá evitar o desperdício do bagaço da cana, resíduo industrial existente em grande quantidade no país. Foto: Autor Desconhecido
Além de inovar a produção industrial brasileira, a aplicação da endoglucanase poderá evitar o desperdício do bagaço da cana, resíduo industrial existente em grande quantidade no país. Foto: Autor Desconhecido
Pesquisadores dos Centros de Biotecnologia (Cbiotec) e de Tecnologia (CT) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) conseguiram produzir uma enzima (a endoglucanase) a partir do bagaço da cana-de-açúcar.
A substância com função catalisadora de reações químicas pode ser utilizada como matéria-prima sustentável em diversos processos industriais, como os de produção de alimentos, de tecidos ou de papel.
Esse tipo de enzima é imprescindível para as atividades industriais porque é responsável pelo aumento da velocidade de uma reação química, possibilitando o metabolismo de seres vivos.
Um dos inventores da patente, o pesquisador do Laboratório de Biotecnologia Celular e Molecular da UFPB, Demetrius Araújo, explica que o bagaço da cana – já conhecido como fonte de produção de energia elétrica e bioetanol (etanol de segunda geração) – é rico em glicose, carboidrato não degradável por estar em forma de polímero, macromolécula formada a partir de unidades estruturais menores.
Aí começa a atuação de um microrganismo – no caso, foi utilizada uma bactéria do gênero Bacillus sp – que, ao se alimentar do resíduo da cana, cresce e gera a enzima endoglucanase, que consegue quebrar as ligações químicas do polímero de glicose presente no bagaço da cana.
O trabalho dos pesquisadores ocorreu em parceria com a usina Japungu, no município de Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa, responsável pelo fornecimento do resíduo industrial para o laboratório da UFPB.
O microrganismo utilizado na produção da enzima também teve origem no solo da referida indústria sucroalcooleira. O registro da invenção foi realizado pela Agência UFPB de Inovação Tecnológica (Inova) em 2018, mas a universidade ainda aguarda uma parceria para viabilizar a produção e comercialização da enzima em larga escala.