Quem já teve insônia ou problemas para dormir, sabe a importância de uma boa noite de sono para as atividades cotidianas. Um aplicativo que auxilia na qualidade do sono ganhou a fase nacional do concurso Nasa SpaceApps Challenge 2020, que tem a participação de cinco agências espaciais (Nasa, CSA, CNES, JAXA, ESA). Um dos desenvolvedores é o aluno de Engenharia de Software do Câmpus Dois Vizinhos, Luan Ralid. Ele e mais cinco estudantes da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Willian Lemos, Wanderson de Oliveira, Thales Oliveira, Carlos Nascimento e Pricilla Suzano, disputarão agora a fase mundial da competição com a equipe Hypnos.
A Hypnos desenvolveu um aplicativo, o Leep, que funciona com um eletrodo acoplado em um fone de ouvido e que induz o astronauta ao caminho da melhor frequência de som para corrigir o estágio do sono, proporcionando que ele tenha o sono mais próximo do ciclo de sono ideal.
Os estudantes explicam no projeto que para se ter um bom sono você deve passar por Alpha, Theta e chegar em Delta onde o sono profundo ocorre e te faz relaxar. Para acordar, você deixará Delta e irá para Alpha. “No entanto, nem sempre podemos seguir esse caminho. Nosso aplicativo, através do eletrodo não invasivo, é capaz de saber em que estado você se encontra e ajudá-lo a se manter no caminho correto através da reprodução de sons de baixa freqüência”, explicam.
Os médicos especialistas em distúrbios do sono alertam que o cérebro possui um marcador circadiano endógeno (ECP), que regula o sono e a química cerebral. Estudos indicam que o ECP deixa de funcionar corretamente cerca de 90 dias após a saída do ambiente terrestre. Além disso, quando os astronautas estão no espaço, eles estão em um ambiente inóspito, o que faz com que uma atividade simples como dormir tornar-se um desafio.
“O Leep seria como uma ferramenta do sono, integrando alimentação, exercícios e um módulo que ajuda você a passar corretamente pelos estados de sono”, explicam os alunos.
O estudante Luan foi o responsável pelo design e pelo direcionamento do aplicativo. “A idealização, prototipação e tudo que envolvia arquitetar ‘o que?’ e ‘como fazer’, foi responsabilidade minha. A proposta foi conseguir interpretar frequências cerebrais através de machine learning e um eletrodo, para então retornar a frequência correta correspondente a fase de sono ideal do usuário. Entre outras características, o app consegue recalcular o ciclo circadiano do usuário de maneira completamente customizada caso ele seja desorientado. Ou seja, conseguimos resumir e regular o sono ideal em uma “agenda de sono” caso ele mude de fuso ou tenha algum evento que exija dormir mais tarde ou mais cedo que o normal. Além disso, o app traz uma interface que espelha o status de qualidade de sono do user de maneira bem amigável”, afirma.
O Leep funciona por meio da emissão de Binaural Beats, que é uma técnica de combinar duas frequências sonoras ligeiramente diferentes para criar a percepção de um único tom de nova frequência. Com isso, o Leep APP cria a melhor escala de sono para que as pessoas tenham um sono ideal.
“Criamos o módulo Leep, onde você pode adicionar um evento que muda seu ritmo circadiano. Nós o chamamos de Evento Leep. Você tem duas opções: o Travel Leep, que consiste em adicionar um vôo e através das informações disponíveis é possível organizar o horário de sono preparando-se para essa viagem. Outra opção é o Sleep Leep, que pode alterar a hora de dormir ou acordar ou ambas. Dessa forma, a cada novo Leep Event ou edição de um já existente, nosso app se reorganizará e sugerirá um horário de sono”, completam.
Avatar
O aplicativo também tem o avatar, o Little Leep, o qual dá ao usuário uma experiência personalizada e automatizada construindo uma programação de turnos de sono. Trata-se de um assistente responsivo que expressa o estado do seu usuário em si, através de cinco estados de emoção para demonstrar o quão desequilibrado está o seu ritmo circadiano, passando de saudável (muito feliz) a cansado (muito triste). Dessa forma, ele mostra ao usuário uma forma diferente de lidar com o sono e o ritmo circadiano, tornando as pessoas mais conscientes de como suas atividades afetam seu sono e como o sono afeta suas atividades.
Concurso
A competição teve mais de 2.300 projetos inscritos e contou mais de 26 mil participantes registrados de quase 150 países. O projeto da equipe foi escolhido em primeiro lugar durante a primeira fase e agora disputará a fase global concorrendo com equipes do mundo todo.
O grupo de estudantes pretende aprimorar o aplicativo para que possa ser utilizado futuramente para as pessoas na Terra, já que muitas pessoas possuem distúrbios de sono ou dificuldades para dormir.