Em entrevista à Rádio UFMG Educativa, infectologista da Faculdade de Medicina afirma que o país não se preparou para novo enfrentamento
Na semana passada, o monitoramento do Imperial College de Londres indicou que o ritmo de contágio brasileiro era de 1,10, o que pode indicar o início de uma segunda onda em todo o país
Monitoramento do Imperial College de Londres indica que o ritmo de contágio brasileiro é de 1,3, o que pode indicar o início de uma segunda onda em todo o país
A taxa de transmissão do coronavírus (Rt) no Brasil está aumentando e já é superior a 1 em diversos estados. Calculado com base no aumento de novos casos, esse índice mostra quantas pessoas são contaminadas por alguém que já está infectado. Assim, se o Rt é igual a 1, cada pessoa contaminada transmite o vírus para mais uma. Esse é o número limite para uma epidemia controlada. Taxas inferiores a 1 indicam que a epidemia está diminuindo, e superiores a 1 sugerem um surto da doença.
Estudo do Imperial College, de Londres, divulgado nesta terça-feira, dia 24, mostra que o Rt da covid-19 no Brasil alcançou 1,30, o maior desde maio. Esse valor somado a outros dados, como a média móvel de infecções e a porcentagem por estado de pessoas infectadas, leva alguns especialistas a afirmar que há uma segunda onda em todo o país.
Entrevistado nesta semana no Programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, o infectologista e professor da Faculdade de Medicina Unaí Tupinambás prefere chamar esse cenário de “sobreposição de ondas” e critica o despreparo do país para combater os novos casos. “Não houve uma política de enfrentamento direcionada a todo o país. Vimos a onda chegar e não nos preparamos. Não preparamos as equipes, não compramos insumos e testes. Não orientamos a população. Muito pelo contrário, nossas autoridades sanitárias provocavam discórdia e confusão. Poderíamos ter feito uma preparação melhor para o segundo enfrentamento. Vemos agora que poderá ser um pouco pior, temos falta de insumo e de testes. Se antes se testava pouco, agora se testará ainda menos. E ainda estamos diante de uma população cansada”, resume o professor, que integra os comitês de enfrentamento ao coronavírus da UFMG e da Prefeitura de Belo Horizonte.