O ensaio é realizado por meio de sondas, que identificam mutações no genoma do vírus
Após realizar cerca de 10 mil testes de diagnóstico para a covid-19 para a rede do Sistema Único de Saúde em Pelotas, a Unidade de Diagnóstico Molecular da Universidade Federal de Pelotas passa a realizar uma nova iniciativa na linha de frente do combate à pandemia: a identificação das variantes causadoras da infecção na cidade.
Há duas semanas, o laboratório, que funciona no Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital Escola da UFPel, iniciou pesquisas de genotipagem voltados para a investigação dos tipos circulantes de SARS-CoV-2. A unidade tem a capacidade de diferenciar as infecções causadas pela variante nativa, de Wuhan (China), e algumas das principais modificações do vírus: a de Manaus, a do Rio de Janeiro, a da África do Sul e a do Reino Unido.
O ensaio é realizado por meio de sondas, que identificam mutações no genoma do vírus. São essas mutações que caracterizam cada uma dessas variantes. O equipamento utilizado é o RT-PCR, o mesmo já usado pela Unidade de Diagnóstico Molecular para a realização dos exames de covid-19. O laboratório está estruturado para realizar genotipagem e sequenciamento de novas linhagens variantes que tem trazido preocupação, como a indiana, e tem capacidade técnica e de equipamentos para a testagem de 100 até amostras diárias, podendo os resultados serem conhecidos em até 72 horas.
Segundo o coordenador do laboratório, professor Tiago Collares, realizar esse tipo de pesquisa permite que se faça uma vigilância epidemiológica mais qualificada: “Com os resultados, é possível tomar medidas de contenção de disseminação mais efetivas”. No entanto, o limitante para ampliação da testagem segue sendo a disponibilidade de recursos para obtenção de material de consumo, que, segundo o pesquisador, a unidade tem buscado viabilizar por meio de projetos de pesquisa.
Conforme explica o pesquisador, uma das ideias é realizar esse rastreio de forma retroativa, analisando um banco de mais de duas mil amostras positivas mantido pelo grupo de pesquisa. Dessa forma, será possível identificar a partir de que momento cada uma dessas variantes passou a circular entre a população pelotense.
A nova iniciativa da Unidade de Diagnóstico Molecular faz parte da pesquisa “Oncobank e Oncovid: rastreamento genômico de SARS- CoV-2 e perfil genético de pacientes oncológicos e de profissionais de saúde na pandemia da Covid-19”, coordenada pelo professor Tiago Collares. O estudo obteve financiamento por meio da chamada Decit/SCTIE/MS-CNPq-FAPERGS, do ano de 2020, que faz parte do programa Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em saúde (PPSUS).