A exposição “Redes, saberes e ocupações” e parte do acervo agora podem ser acessados em formato virtual
Em comemoração aos 50 anos do Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás (MA-UFG), foi apresentada, em dezembro de 2020, a exposição “Redes, saberes e ocupações” para ser apreciada presencialmente. Devido à necessidade de distanciamento social no enfrentamento à pandemia de covid-19, a equipe do MA e colaboradores encontraram uma forma de aproximar os públicos: desenvolveram um tour virtual em 360° que possibilita ao visitante conhecer as exposições do museu sem sair de casa. Outra conquista importante é a disponibilização do acervo do MA por meio da Plataforma Tainacan, onde se pode ver algumas coleções do museu já digitalizadas.
O diretor do MA, Manuel Ferreira Lima Filho, relata que o Conselho Diretor escolheu a Tainacan por ser uma ferramenta pensada dentro da UFG. “De maneira paralela à montagem da exposição, nós tivemos o desafio de dar continuidade à extroversão do imenso potencial documental, museológico, arqueológico, etnográfico presente tanto nas nossas reservas quanto nos nossos laboratórios, na nossa biblioteca. A virtualização não significa substituição do presencial, mas um novo modus operandi de pensar as nossas coleções, a nossa relação compartilhada com o público, com os nossos colaboradores e com a sociedade”, acrescentou.
Para ver a exposição, é preciso acessar o site museu.ufg.br e a aba “Exposições”, onde deve-se clicar no menu “Redes, saberes e ocupações”. Lá, existem os quatro módulos que compõem a exposição: Jardim das Descobertas, Expressões Culturais, Redes e Ocupações, e Pessoas e Saberes. Ao clicar em Jardim das Descobertas, o visitante verá uma caixa de vídeo em que poderá direcionar o seu olhar em 360° para visualizar a cena registrada do ponto em que está e também seguir para frente e adentrar o prédio que abriga o museu. Há placas com informações a respeito da exposição que são ampliadas com um clique sobre elas.
Durante o evento de lançamento do acervo digital e do tour 360°, a vice-diretora do MA, Rossana Klippel, explicou que uma primeira versão da visita on-line já está disponível, mas que ela estará em constante transformação com e para os públicos. “A gente vai inserir recursos de áudio e de vídeo e receberemos sugestões. Estão previstas algumas oficinas vinculadas aos módulos, que serão lançados a cada 15 dias. O primeiro módulo está aberto para que o público conheça como se dá essa possível visitação do museu e nos apresenta demandas de atividades educativas. Essa visualização por parte do público será essencial para que a gente possa melhorar o serviço”, pontua.
Processos de construção
Para a museóloga Bárbara Freire, responsável pelo projeto de concepção da exposição, foi importante convidar pessoas representantes da cultura material que o museu expõe, pois esses curadores compartilharam um pouco das suas histórias de vida, selecionaram os objetos que estão expostos e produziram o conteúdo textual que acompanha as peças. “Ficamos todos muito felizes com o resultado e esperamos que todos que tenham acesso agora se sintam instigados e motivados a conhecer um pouco do que conseguimos construir colaborativamente com todas essas pessoas. A exposição Rede, saberes e ocupações tem esse nome exatamente para apontar essas várias preocupações transversais que nós tivemos de criar redes, compartilhar saberes e tornar o museu um lugar de ocupações dos vários públicos dos museus”, esclarece.
A coordenadora administrativa e de comunicação do MA, Ênya Paula Morais da Silva, também participou dos relatos sobre a construção da exposição: “O módulo 4, ao qual eu estive mais intimamente ligada, conta a história institucional por meio de livros, produções, pesquisas, documentos, arquivos, conta a história da nossa instituição. Mesmo diante das adversidades que estamos vivendo, o museu se reinventa, experimenta e leva até vocês o conhecimento e a fruição cultural como bravamente vem fazendo ao longo da história”.
A coordenadora de Museologia do MA, Mayara Domingues Monteiro, acredita que a virtualização do acervo e da exposição foi impulsionada pela pandemia, mas que essa demanda já era percebida antes pois há uma necessidade de ocupação dos espaços virtuais por parte das instituições. “Esses lançamentos são uma grande conquista pois dão visibilidade para o nosso trabalho, para o museu em si, para os acervos, e são uma extroversão dos conhecimentos produzidos ali por tantas pessoas”, afirmou.
Equipe do Laboratório de Arqueologia finalizando o sítio escola do módulo Jardim das Descobertas
O primeiro módulo da exposição é o Jardim das Descobertas, onde o visitante pode conhecer a parte externa do Museu Antropológico. O técnico de laboratório Rafael Lemos de Souza atua na área de Arqueologia do museu e explica que o sítio-escola Jardim das Descobertas foi criado com finalidades didáticas para atender alunos do ensino fundamental ao superior que tenham interesse em aprender sobre a cultura material na arqueologia e na antropologia. A coordenadora de Antropologia, Tatyana Beltrão de Oliveira, conta que o local está em preparação para receber os alunos nas oficinas de escavação, de argila e de pintura.
Outros espaços do museu também merecem destaque, como a Biblioteca Seccional do MA. É o que defendeu a responsável pela coordenação desse setor, Silvânia Batista de Amorim: “Convidamos vocês a conhecerem a primeira exposição virtual do museu, mas também o acervo da biblioteca do MA-UFG, que trabalha com as temáticas de Antropologia, Museologia, Arqueologia, estudos de gênero e sexualidade. Devido à pandemia, o atendimento na biblioteca é feito por meio de agendamento disponível no site”.
Plataforma Tainacan
Criada na UFG com apoio do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), a plataforma Tainacan é uma ferramenta para WordPress que permite a gestão e a publicação de coleções digitais para repositórios. O Conselho Diretor do Museu Antropológico aprovou, em 2019, o uso da plataforma Tainacan como base documental digital dos acervos etnográficos e arqueológicos do órgão. Para gerir a plataforma, o MA tem o apoio do Laboratório Multiusuário de Computação de Alto Desempenho (Lamcad), da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI) e do Centro de Recursos Computacionais (Cercomp).
Boneca de cerâmica ritoxko_ritxoo, de origem Karajá, integrante do acervo etnográfico. Autoria_ Markus Garscha
O arqueólogo do MA, Diego Mendes, relata que a Plataforma Tainacan abriga as diversas pesquisas desenvolvidas no museu. “Vocês encontram lá uma série de materiais e de sítios arqueológicos, de 10 mil anos atrás e outros muito recentes, contemporâneos à gente. Na plataforma, você vai saber como as pesquisas foram realizadas, como os sítios foram escavados, qual é o objetivo de escavar aquele sítio, as datas que a gente obteve, o tipo de material. O que a gente está fazendo é digitalizar as nossas coleções e colocá-las nesse repositório, o que permite que pessoas de diferentes lugares do Brasil e do mundo possam acessar e conhecer um pouco sobre esse patrimônio cultural do MA”, enaltece.
A coordenadora Tatyana também convida para uma visita à Plataforma Tainacan, onde estão parte dos estudos e das pesquisas executadas no estado de Goiás. “Vocês vão poder conhecer, de mais perto, um pouco desses objetos. Você que é estudante, pesquisador, criança, conheça a plataforma!”, reforça.