É a primeira vez que pontos quânticos de carbono são sintetizados a partir de uma gramínea
Um material inédito para produção de nanopartículas de carbono,ou também conhecido como pontos quânticos de carbono (carbon dots), faz parte das pesquisas do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do então aluno de Processos Químicos do Campus Toledo, Allan Jr. Gonçalves Afonso. O pesquisador utilizou dois resíduos: um da indústria cervejeira e o outro da forrageira, o azevém, até então não explorado. Os resultados estão em um artigo publicado revista Carbon Letters. O azevém (Lolium perene) é considerado uma planta daninha em algumas culturas, como milho e cevada.
Os resíduos foram tratados hidrotermicamente para a obtenção de nanopartículas fluorescentes, as quais podem ser utilizadas para aplicações tecnológicas na área óptica, da biomedicina, da pesquisa ambiental, entre outras.
“Produzimos nanodotas de carbono (CND) utilizando resíduos agroindustriais, como Lolium perenne e bagaço de malte. Os métodos utilizados foram síntese hidrotérmica convencional e síntese hidrotérmica assistida por micro-ondas. Esta é a primeira vez que pontos de carbono sintetizados a partir deste tipo de gramínea são reportados pela comunidade científica”, relata Allan em seu artigo.
O trabalho foi orientado pelos professores dos Programas de Pós-Graduação em Processos Químicos e Biotecnológicos (PPGQB) e em Tecnologias em Biociências (PPGBio), Kelen Rossi de Aguiar e Ernesto Wrasse.
“Testamos algumas propriedades destas nanopartículas frente à marcação celular para bioimagem e sensor de metais. Agora, estamos com outros alunos dando continuidade neste projeto para conhecer melhor as suas propriedades e aplicações”, explica a professora Kelen.
O artigo ‘Green synthesis of carbon nanodots from agro-industrial residues‘ contou ainda com a participação de pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso, da Universidade Federal do Ceará e do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas.