Através de uma chamada de pesquisas sobre alimentação e nutrição, lançada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com recursos viabilizados pelo Ministério da Saúde, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e outras quatro instituições brasileiras, estão desenvolvendo um estudo que avalia o impacto da taxação de bebidas adoçadas no Brasil.
A proposta conta com quatro objetivos relacionados às áreas de epidemiologia, economia e nutrição, envolvendo pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
O projeto submetido e coordenado pela UFPel, foi aprovado em janeiro de 2020 e busca responder os seguintes pontos: estimar o impacto da taxação de bebidas adoçadas nas prevalências de obesidade, diabetes e doença coronariana e acidente vascular cerebral; estimar o impacto da taxação de bebidas adoçadas sobre produção, emprego, consumo agregado e índice geral de preços e salário; e analisar a composição de preço de bebidas adoçadas no Brasil e analisar o quantitativo arrecadado pelo governo brasileiro mediante a taxação de bebidas.
Atualmente, os efeitos da tributação de bebidas adoçadas no Brasil, considerando o consumo, impacto na saúde da população e economia nacional ainda são pouco conhecidos. Os argumentos contra o aumento de taxas para conter a obesidade, diabetes, doença coronariana e acidente vascular cerebral, são os prejuízos gerados para a economia nacional. Desta forma, a proposta busca avaliar os custos e benefícios dessa medida para o país.
A professora da Faculdade de Nutrição da UFPel, Renata Moraes Bielemann, que atua na pesquisa, explica que a tributação de bebidas adoçadas é um tema considerado superado em outros países, por considerarem os prejuízos causados à saúde da população. “Esses países que utilizam uma taxa adicional nesses produtos, têm o objetivo de diminuir o consumo pensando nos impactos gerados pelos problemas de saúde que a longo prazo acarreta faltas ao trabalho, aposentadoria precoce e custos maiores para os postos de saúde”, disse.
Renata destaca que o desenvolvimento do estudo tem a colaboração de pessoas com conhecimento de ferramentas específicas, na finalidade de construir uma metodologia adequada e entregar o devido resultado ao Ministério da Saúde. “A população brasileira precisa desses estudos para saber se iniciativas como essas serão válidas para a sociedade em termos de saúde pública e tomada de decisões baseadas em evidências”, destacou.
O professor do curso de Agronomia da UFPel, Mario Duarte Canever, que também integra o estudo, destaca a importância da pesquisa para a saúde pública dos brasileiros e futuras iniciativas governamentais. “Esse projeto tem um apelo muito forte na geração de políticas públicas e instrumentalização para o governo brasileiro conseguir notar se é ou não importante manter ou tributar a mais o setor de bebidas adoçadas para gerar ganhos na saúde”, finalizou.