UFRB e parceiros realizam pesquisa sobre uso do oxigênio no contexto da COVID-19

Pesquisadores de universidades baianas, dentre elas a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), publicaram artigo Oxigênio no contexto da Covid-19: O que sabemos sobre a molécula que respiramos e o papel central da química, na última edição da Revista Química Nova, o mais importante periódico científico, em língua portuguesa do Brasil e da América Latina.

O artigo apresentou uma importante revisão literária sobre a química do gás oxigênio para uso hospitalar em intubação nos casos mais graves de tratamento da COVID-19. A ausência do oxigênio hospitalar provocou mortes em Manaus e desabastecimento em cidades do Norte e Nordeste, e trouxe a molécula do oxigênio – O2 – para o centro das preocupações da sociedade, naquele período anterior a vacinação em massa contra o novo coronavírus.

O artigo apresenta uma “sistematização de uma série de informações técnicas e científicas sobre o oxigênio, tais como produção industrial e emprego em saúde, e como se dá a mensuração da sua concentração na corrente sanguínea, procurando assim contribuir para a melhor compreensão do tema, proporcionando mais conhecimento geral sobre o oxigênio no contexto da COVID-19, somando-se ao empenho da comunidade química brasileira na disseminação de informações científicas no âmbito da pandemia, em particular sobre a molécula que respiramos”.

O artigo faz uma análise sobre o processo de tomada de decisões governamentais para tornar mais célere as ações por parte das entidades públicas de saúde, bem como uma gestão mais adequada dos recursos financeiros, envolvidos na produção de gás hospitalar, para responder com eficiência as necessidade de urgência como a apresentada no transcurso da crise de tratamento hospitalar do COVID-19.

O segundo aspecto da discussão do artigo diz respeito à química como ciência central nas medidas de combate e mitigação da pandemia, que envolve conhecimentos sofisticados da química de substâncias estruturalmente complexas, como os presentes no reposicionamento de fármacos, cujas estruturas químicas só podem ser lidas e interpretadas por um profissional da área, e no desenvolvimento de vacinas nas quais a química está presente, entre outros aspectos, na compreensão das interações entre os constituintes das vacinas e as moléculas receptores presentes no organismo.

Todavia, conhecimentos clássicos ensinados na graduação também estão envolvidos, como os presentes na produção de materiais para máscaras e protetores faciais, na produção de agentes sanitizantes (sabões, detergentes, soluções de sais quarternários de amônio, soluções alcoólicas 70% e álcool em gel), e mesmo na produção de uma substância tão simples, elementar e natural como a molécula do gás oxigênio, mas essencial no contexto da pandemia da COVID-19.

“Da ciência básica à engenharia, fica evidente o papel da química como ciência central e pluridisciplinar para atender demandas em saúde pública, sendo necessário um contínuo investimento nesse campo do saber tão primordial para o desenvolvimento da sociedade e que tanto contribui para o bem-estar da humanidade”, concluem os pesquisadores.

O artigo foi produzido em colaboração entre o Grupo de Pesquisa em Físico-Química Orgânica, instalado no Centro de Formação de Professores (CFP) da UFRB, coordenado pelo professor doutor Rodrigo De Paula, o Grupo de Pesquisa em Síntese de Fármacos/Departamento de Ciências da Vida, da UNEB em Salvador, e o Grupo de Pesquisa em Síntese Química Sustentável e Aplicada, liderado pelo professor doutor Sílvio Cunha, do Departamento de Química Orgânica da UFBA, em Salvador.

O periódico Química Nova é avaliado com a nota Qualis A4 na CAPES. O artigo publicado no Volume XY, Número 00, 1-11, 200 e pode ser acessado aqui.