No lançamento do Movimento em Defesa das Cotas no Ensino Superior, foi divulgado um abaixo-assinado pela manutenção de duas leis que implementam a política pública. Em 2012, os negros no ensino superior eram menos de 14%; em 2018, quase 36%.
Uma cerimônia, em São Paulo, marcou o início de uma campanha pela continuidade da política de cotas na educação e no serviço público. O lançamento do Movimento em Defesa das Cotas no Ensino Superior foi na Universidade Zumbi dos Palmares, com todos testados.
Os organizadores produziram vídeos, para defender a política pública de inclusão, e um abaixo-assinado na internet pretende recolher assinaturas pela manutenção de duas leis. Uma delas, a que prevê a reserva de vagas na administração federal. Outra, de agosto de 2012, reserva cotas por dez anos no ensino superior público.
José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, que lidera a campanha, diz que o movimento quer a prorrogação dessa lei.
“Nós estamos colocando esse movimento, fazendo duas ações muito claras. Primeiro, sensibilizando a sociedade civil, sensibilizando principalmente o Congresso Nacional que essa lei é inexorável, é importantíssima e, ao mesmo tempo, nós estamos fazendo uma campanha para recolher 1 milhão de assinaturas, de modo que, com isso, a gente possa fazer com que a lei seja tramitada e, dessa maneira, possamos ter, até agosto de 2022, uma nova lei por mais dez anos que garanta as cotas nas universidades públicas federais”, declarou.
A lei das cotas foi aprovada em 2012, prevendo que 50% das vagas nas universidades federais de país todo fossem reservadas para estudantes que fizeram escola ensino médio em escolas públicas. Metade iria para filhos de famílias de baixa renda e, dentre essas vagas, uma cota deveria ser reservada a pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência na proporção dessa população em cada unidade da federação.
E a diversidade começou a aparecer na comparação das antigas com as novas fotos de formatura. E em números como os do Inep. Em 2012, os negros no ensino superior eram menos de 14%. Em 2018, já eram quase 36%.
Segundo a Associação de Dirigentes do Ensino Superior das Instituições Federais, nas primeiras a aderir às cotas, já são mais de 51% os alunos que se declaram pretos e pardos.
“Sou a primeira da família, a primeira da minha geração a estar numa universidade federal pública”, disse Carlúcia Alves, estudante de Medicina.
Carlúcia nasceu no Quilombo Lagoa dos Anjos, na Bahia, onde dividia com a família o cultivo da terra. Estudante de escola pública, ela entrou na Faculdade de Medicina da Federal de Pelotas.
“Eu, preta, quilombola, sendo médica, para mim, é uma honra porque não é uma luta só minha. Aqui no meu quilombo, eu observo o brilho no olhar de cada um. Vejo os meus tios voltando a sonhar, vejo crianças querendo algo que antes elas achavam impossível, sabe?”, contou.
Fonte: Jornal Nacional