Vinculada à Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (Proaes) da Universidade Federal do Maranhão, a Divisão de Educação em Saúde (Desa) atingiu a expressiva marca de mais de 1.000 atendimentos a discentes em todos os campus da Universidade durante a pandemia, disponibilizando atendimentos psicológico, psiquiátrico e clínico. Atualmente, a divisão é composta por quatro psicólogos, um médico psiquiátrico e profissional clínico, e os atendimentos são realizados de forma híbrida, na modalidade remota e presencial, em alguns casos.
Para ser atendido, o discente de qualquer curso da Universidade deverá encaminhar um e-mail para educsaude.proaes@ufma.br com sua solicitação. Em seguida, o estudante preenche um formulário on-line e aguarda a equipe da diretoria entrar em contato com possibilidades de dias e horários de atendimentos.
A psicóloga e coordenadora da Desa, Daniele Palácio Queiroz, explicou que, com a pandemia, a equipe profissional de saúde e administrativa da Diretoria estudou formas de continuar assistindo os alunos da Universidade. “Após estudos e avaliações, chegamos à conclusão de que os atendimentos poderiam ser feitos no sistema remoto, pelo Google Meet. Daí, veio outro problema: como vamos assistir esses alunos sem internet? Boa parte dos estudantes da Universidade são vulneráveis socioeconomicamente e não possuem computadores, tablets e smartphones. Verificamos então que a própria Universidade detém editais que fornecem chips e tablets, e isso possibilitou o atendimento de vários discentes”, comentou.
Daniele Palácio detalhou que os procedimentos são divididos em três categorias: o atendimento psicológico, feito pelo quadro de psicólogos da Desa, em que o discente comunica alguma queixa emocional que esteja impedindo-o de ter qualidade de vida; o atendimento psiquiátrico, realizado por um médico com formação em psiquiatria, em que, nesse caso, é feita uma triagem nos atendimentos psicológicos para verificar se o paciente tem o perfil de atendimento psiquiátrico, como crise aguda, depressão ou crise de ansiedade e/ou se há necessidade de medicação; e o atendimento clínico, no qual o estudante relata o que está sentindo, como queixas físicas, em que é realizado um diagnóstico dessas dores e são feitos exames clínicos para averiguar o motivo das queixas.
A coordenadora pontuou que, durante a pandemia da covid-19, muitos alunos começaram a procurar atendimentos na Diretoria e que o quantitativo aumentou comparado aos atendimentos presenciais realizados antes da pandemia: “Aplicamos um questionário de satisfação ao final de cada atendimento e constatamos que diversos casos estão correlacionados diretamente à pandemia, como a diminuição da sociabilização entre os estudantes; a falta de liberdade de transitar nos espaços, pois a Universidade é um espaço que possibilita a convivência e trocas entre alunos e professores; a questão social e econômica, como perda de empregos, diminuição de renda; a adaptação à tecnologia, já que muitos estudantes não têm uma estrutura adequada para estudar de forma remota em casa”.
Na análise dela, são muitos desafios nesse processo, porém a equipe obteve um bom resultado na pesquisa de satisfação, com os agradecimentos dos discentes. “As relações sociais e atividades físicas protegem de doenças mentais. Tudo que não está andando bem em nossas vidas afeta o nosso bem-estar e é preciso ser observado com muita atenção. Qualquer dúvida ou mal-estar, um profissional da saúde deve ser consultado. Não se pode falar de saúde sem falar de saúde mental. Inclusive, com a volta das aulas ao regime presencial, vamos repensar a possibilidade de os atendimentos permanecerem no regime on-line”, sinalizou.
De acordo com o médico psiquiátrico da Dase, Danilo Madeira Campos Gonçalves, o teleatendimento da Diretoria possibilitou fluidez na procura dos atendimentos, pela facilidade do agendamento por e-mail, pelo atendimento ser realizado em qualquer local de preferência do paciente e pelo retorno do agendamento poder ser feito em tempo oportuno. “Estamos conseguindo atender todos os alunos da capital e do continente. Houve melhora significativa na adesão dos estudantes, atendemos desde casos que são mais agudos, como também adaptações à vida universitária e ao ensino a distância, damos orientações clínicas e, em alguns casos, prescrevemos receitas”, ressaltou.
Por fim, Danilo Madeira enfatizou que muitos discentes estão com boa evolução em seus tratamentos, com o apoio dado nos atendimentos de qualidade proporcionados pela equipe de saúde da Diretoria. “É um serviço de apoio para todo o corpo discente de graduação da UFMA. É importante destacar que o atendimento clínico possibilita a observação de casos de pós-covid. É desenvolvido um trabalho bem global de atenção nesses casos, com acompanhamento de caráter de orientação ambulatorial e que, em alguns casos, são repassados para ser dada continuidade na rede pública de saúde do estado ou do município”, finalizou.