As agências de fomento à pesquisa, nacionais e internacionais, têm adotado estratégias para mitigar os efeitos significativos da maternidade na carreira científica das mulheres nas universidades. O CNPq, recentemente, passou a incluir na Plataforma Lattes a possibilidade de adição de informação sobre o período de licença maternidade – e, desde 2005, mantém o Programa Mulher e Ciência, que promove a participação de meninas e mulheres na ciência e pesquisas sobre as relações de gênero no campo da produção científica. Além do CNPq, a FAPERJ, a FAPERGS e agências privadas, como o Instituto Serrapilheira, levam em consideração a maternidade para avaliação da trajetória acadêmica de pesquisadoras mães nas solicitações de bolsas e recursos financeiros. Os dados mostram que, no Brasil, o percentual de mulheres se reduz conforme se avança na carreira científica – mesmo sendo maioria na iniciação científica, são apenas 36% das bolsistas de produtividade em pesquisa (DE ASSIS, C.; BOUERI, A.G., 2018).
Essas políticas afirmativas são fundamentadas em evidências científicas que mostram o efeito da maternidade na carreira acadêmica de mulheres, impactando-as por vários anos (MACHADO et al, 2019). Outras evidências demonstram que as desigualdades de gênero relacionadas à maternidade foram potencializadas durante a pandemia Covid-19 (STANISÇUASKI et al.,2020).
No Brasil, destaca-se o movimento Parents in Science, pioneiro no levantamento de dados sobre as consequências da maternidade na carreira científica de mulheres e homens, e que levaram a mudanças concretas no cenário científico brasileiro. A organização também realizou um levantamento extensivo sobre os impactos da pandemia de COVID-19 na vida de cientistas aqui no Brasil.
Com base nas crescentes ações e publicações técnicas sobre o tema, incluindo as demandas de comunidade interna, a UFABC iniciou, nos Editais 01/2021 (PIC/PIBIC/PIBITI/PIBIC-AF), 04/2021 (PDPD) e 05/2021 (PDPD-AF), uma política de apoio às mães discentes e docentes da nossa comunidade. Dessa forma, o Comitê de Iniciação Científica (CPIC-ProPes) propôs pontuar mães cientistas como forma de minimizar os impactos das desigualdades de gênero em suas trajetórias.
Assim como todas iniciativas precursoras, tais políticas podem ser aprimoradas a partir da discussão e das experiências de todas e todos que compõem as nossas comunidades acadêmicas. Nesse sentido, faz-se imprescindível a ampla participação nos espaços de diálogo, proposição e deliberação constituídos em nossa Universidade. São nestes espaços – conselhos, comitês e grupos de trabalho – que os debates são alimentados, fundamentados e apurados para, então, comporem as políticas e editais que cumprem as funções sociais de nossa universidade – promover o ensino, a pesquisa, a extensão, a cultura e a inovação em consonância com os parâmetros de excelência, inclusão e permanência de todas e todos que formam a comunidade UFABC.