Reunidos no Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação Fenômenos Extremos do Universo, pesquisadores irão construir estrutura para telescópio em colaboração internacional
Criar uma rede de pesquisadores da área da astronomia no Paraná para gerar descobertas nos campos da astrofísica, cosmologia e gravitação: este é um dos principais objetivos do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Fenômenos Extremos do Universo, lançado em setembro e oficializado na última segunda-feira (18) pela Fundação Araucária (FA) e pela Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). Além de participar com pesquisadores, a UTFPR integra a coordenação do NAPI, com o professor do Campus Medianeira Jaziel Goulart Coelho, em conjunto com a professora Rita de Cássia dos Anjos, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
O NAPI já tem início com R$ 1,053 milhão em investimentos do governo estadual e também com uma tarefa: construir a estrutura para um dos telescópios médios do Cherenkov Telescope Array (CTA), observatório astronômico de raios gama – tipo de radiação eletromagnética de alta frequência e muito energética – que conta com a colaboração de 31 países, 150 instituições e 1500 pesquisadores, aproximadamente. De acordo com Jaziel Coelho, por volta de 80% destes recursos serão destinados para a construção da estrutura. “O restante vai ser gasto com bolsas de mestrado e de pós-doutorado. Este é o montante inicial do NAPI, que é um projeto de vigência de cinco anos”, explica.
A estrutura em aço a ser entregue terá 16 metros de altura, cerca de 2,5 toneladas e servirá de suporte para a câmera do telescópio. Com tecnologia totalmente nacional, foi projetada para atender a uma demanda do CTA pelo grupo brasileiro de pesquisadores liderado pela USP de São Carlos, do qual os professores Jaziel e Rita fazem parte. “É um projeto que teve toda sua arquitetura e engenharia pensada e desenhada no Brasil e que foi aprovado por essa colaboração internacional. Outros países também concorreram com seus projetos, mas o Brasil acabou ganhando e agora tem esse desafio de entregar 25 estruturas para o CTA”, conta Jaziel, acrescentando que pelo menos uma delas será construída pelo grupo paranaense.
Até o momento, o projeto já gerou dois protótipos e uma patente depositada, referente ao dispositivo de ajuste, capaz de mover toneladas da estrutura com precisão de milímetros. Os protótipos entregues encontram-se na Alemanha, onde fica a sede da colaboração internacional, e já foram testados e aprovados. Em seguida, deverão ser enviados para os sítios astronômicos do CTA: La Palma, nas Ilhas Canárias (sítio norte) e Chile (sítio sul). Segundo Jaziel Coelho, é provável que a estrutura a ser construída no Paraná seja instalada em La Palma.
Atualmente, o CTA já possui um telescópio grande em La Palma. No entanto, deve operar com sua capacidade máxima com 100 telescópios, pequenos, médios e grandes, em La Palma e no Chile. Com isso, se tornará o maior observatório de raios gama do mundo. “Independentemente do número de estruturas, o CTA já pode funcionar e começar a tomar dados com um telescópio. Mas a sensibilidade aumenta quando há mais telescópios”, esclarece Jaziel. E é com esses dados disponibilizados pela rede do CTA que os pesquisadores do hub paranaense deverão contar para desenvolver suas pesquisas na linha de altas energias, realizando descobertas nas áreas de física e astrofísica, produzindo pesquisa aplicada e gerando desenvolvimento e inovação.
Por enquanto, além da inserção internacional com o CTA, o NAPI Fenômenos Extremos do Universo conta com a participação de pesquisadores da UTFPR, UFPR, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). Da UTFPR, participam professores dos campi Medianeira, Guarapuava e Curitiba: Jaziel Coelho, Felipe Braga Ribas, Rubens Eduardo Garcia Machado, Antônio Carlos Amaro de Faria Júnior, Andre Fabiano Steklain, Jean Carlo Santos e Alexandre José Tuoto Silveira Mello. Mas a ideia é agregar mais pesquisadores e instituições. “Estamos convidando mais pessoas a participar. O NAPI está se formando e está aberto para que outros pesquisadores também venham fazer parte”, convida Jaziel.