A Universidade Federal do Tocantins promove o projeto UMA, Universidade da Maturidade, onde leva educação e atividades extracurriculares para a comunidade Xerente.
No Tocantins, a Universidade Federal está levando educação para adultos e idosos nas aldeias xerente. A equipe do Jornal Nacional acompanhou uma das aulas e mostra como essa metodologia está juntando todo o conhecimento cultural deles com os conteúdos da academia.
A sala indígena para adultos e idosos funciona dentro da própria aldeia. A reportagem acompanhou o dia em que o professor era um indígena xerente que saiu da aldeia para estudar, se formou, e agora é mestre pela UnB.
Olhares atentos ao conteúdo, que, aqui, é traduzido para a língua xerente.
Essa turma faz parte da UMA, Universidade da Maturidade, um projeto da Universidade Federal do Tocantins que leva educação e atividades extracurriculares para pessoas idosas em todo o estado.
Na aldeia xerente, em Tocantínia, muitos dos mais velhos não sabem ler ou escrever, e viram nesse encontro uma oportunidade.
“A aula que nós estamos participando hoje, todo mundo junto aqui, é para nós aprender e para os velhos aprenderem ao menos pouco, também”, diz Marcilene Xerente, indígena.
Todo o conteúdo das aulas foi adaptado para a realidade cultural deles. Esse pólo de ensino aqui na comunidade xerente é o primeiro do país voltado para educação de indígenas idosos.
“Esses saberes ao longo do tempo eles vão se perdendo, e a Universidade da Maturidade, com toda a metodologia cientifica, ela vai ajudar, ela vai contribuir para que esses saberes sejam sistematizados e que eles possam não se perder ao longo do tempo”, explica André Ribeiro de Golveia, secretário municipal de educação de Tocantínia.
“A UMA, ela vem mostrar que os nossos anciãos eles têm muitas respostas, e nós jovens temos muitas perguntas. Então a UMA vem mostrar que velho é ter conhecimento, ser velho é ter história, é ter o que falar”, diz o professor Leonardo Sampaio Santana.
O professor Armando é da etnia xerente. Saiu da aldeia para estudar e se tornou mestre. Agora, de volta, ganhou a missão de compartilhar, na língua nativa, o que aprendeu.
“A educação, o estudo, é uma forma que a gente vai descobrindo o mundo, descobrindo nossos direitos. Para o povo, é um momento histórico que está acontecendo, dentro da universidade, porque 20, 30, 40 décadas atrás a gente não tinha isso. E hoje nossos anciãos estão tendo acesso”, diz o professor Armando Xerente.
Essa troca de conhecimento vai durar 18 meses. No final, todos saem daqui com um certificado de formação.
“Eu vou estudar, eu vou estar junto, vou acompanhar. Vou ter paciência né, para terminar e chegar aonde que eu quero”, diz a indígena Suzana Xerente.
Fonte: Jornal Nacional