Desde 2016, o dia 11 de fevereiro é celebrado como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, data criada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e pela Organização das Nações Unidas (ONU) para incentivar a participação de mais mulheres na Ciência e celebrar seus grandes feitos. Embora o caminho para as mulheres e meninas na Ciência ainda seja muito desafiador em razão da escassez de investimentos e da desigualdade de gêneros, muitas mulheres seguem superando esses desafios em busca de fazer Ciência em prol do desenvolvimento da sociedade.
Medalhista da última edição das Olimpíadas de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), Sofia de Menezes, 18 anos, acaba de ganhar sua primeira oportunidade na Iniciação Científica como prêmio pelo seu bom desempenho na competição. “Desde criança, tive afinidade com Matemática, não sei se existe um motivo certo pra isso, mas meus pais sempre incentivaram a mim e a minha irmã para a leitura, e talvez isso tenha sido o princípio do pensar e tentar achar solução para as coisas”, lembra a estudante da Escola de Aplicação da UFPA (EAUFPA).
Para Sofia Menezes, fazer Ciência é explorar, pesquisar e buscar novos conhecimentos, independentemente da área de estudo escolhida pelo(a) cientista, que possam ser revestidos de forma positiva à sociedade, com a melhoria da sua qualidade de vida e do desenvolvimento social. “Tenho vontade de conhecer o comportamento e o corpo humano, entender como e por que agimos da forma que agimos, quais aspectos da vida influenciam essas ações etc. Muita coisa ainda é incerta em relação à nossa espécie, tem sempre alguma coisa para se descobrir e muitas oportunidades para colocar em prática o fazer científico”.
A estudante ainda completa: “Para que algo se desenvolva, é preciso da Ciência, já que desenvolver é justamente aumentar ou descobrir capacidades, coisa que só pode ser feita com o auxílio do saber científico e da pesquisa. Muitos problemas que existem hoje no mundo são causados pela falta de sensibilidade de algumas pessoas em buscar conhecimento sobre determinado assunto. A sociedade é uma coisa dinâmica, não dá pra viver coletivamente sem buscar o conhecimento. A prática científica serve exatamente para evitar essa ignorância e renovar conceitos que antes eram verdadeiros, mas agora não se aplicam mais, seja para doenças, seja para valores sociais, por exemplo”.
A estudante de Enfermagem Monique Amoras, 23 anos, é outro exemplo de jovem mulher que busca na Ciência uma forma não somente de desenvolvimento pessoal, mas também, principalmente, de modificar a realidade da sociedade, em especial dos povos e populações da Amazônia. Integrante do Projeto de Pesquisa “Acessibilidade em saúde a povos e populações da Amazônia: registros e características socioculturais e itinerários terapêuticos de uma comunidade quilombola amazônica” e do Programa Jovens Talentos do Time Enactus UFPA, dentre outros projetos, a estudante será uma das representantes da Região Norte do Brasil no evento internacional “Brazil Conference”, em abril, para falar sobre as suas experiências científicas que têm mudado a realidade da população local.
“Ciência é buscar conhecimento para possibilitar a transformação da sociedade. Me inspiram as notáveis descobertas que o ambiente científico traz para a sociedade, estamos em um patamar de transição epidemiológica que é admirável, entretanto ainda precisamos dar qualidade de vida para as pessoas, ou seja, é a constante busca de formas de efetivar essa realidade que deve ser levada em consideração”, ressalta Monique Amoras.
Para a jovem cientista, é muito importante, ainda, que programas de bolsas científicas, tais como Pibic e Prodoutor, sigam ofertando oportunidades para que as estudantes possam desenvolver, de maneira adequada, suas habilidades como pesquisadoras e vejam nisso um futuro promissor para todos: cientistas e sociedade. “A descoberta do universo científico é gradual e satisfatória. Com a ajuda do professor, consigo construir um caminho de conhecimento tanto para utilizar métodos de estudo como para ter o olhar do pesquisador, de compreender a problemática e trazer apontamentos que contribuam para solucionar essas situações. Esse saber científico me proporciona sensibilizar as pessoas ao meu redor, sendo uma facilitadora do conhecimento. É como dizia Paulo Freire, ‘a educação cria possibilidades de transformação das pessoas e consequentemente da sociedade’ ”, pontua.
Contemplada pelo Programa de Auxílio à Qualificação (Proquali), outro programa de incentivo ao desenvolvimento científico e profissional da UFPA, e mestre em Ciência da Informação, e autora da tese Compartilhamento de dados de Pesquisa Científica, a servidora lotada na Biblioteca Central da UFPA, Rose Lisboa, 33 anos, encontrou na pesquisa científica uma forma de contribuir com a melhoria da Universidade, ao mesmo tempo que buscava seu desenvolvimento pessoal. “O fazer Ciência hoje tem uma grande importância na minha vida, pois foi através dela que pude melhorar de vida e dar mais qualidade de vida para minha família. O saber científico me proporcionou novos conhecimentos, novo olhar para a Ciência e me impulsionou a incentivar outras pessoas para o fazer científico”.
Para Rose Lisboa, “a Ciência é essencial para o desenvolvimento da sociedade como um todo. Através dela, é possível mudanças que tragam benefícios gerados por esse conhecimento. Ela permite novas percepções e perspectivas que propiciam esse desenvolvimento social, seja na saúde, na tecnologia, seja na qualidade de vida. O que mais me inspira e desafia no ambiente científico é esse poder que ele nos dá em relação a novas descobertas e ao uso e reuso do que já foi estudado”, finaliza.
Portanto esta é a mensagem final que fica para todas as mulheres: Sigam aproveitando as oportunidades que o ambiente científico oferece desde os anos iniciais, passando pela academia, até o mercado profissional. Ainda há um mundo de possibilidades e descobertas a serem realizadas e, para que isso aconteça, é necessário que haja curiosidade, ousadia e muita pesquisa científica.