O estudo foi feito pela Universidade Federal do Espírito Santo em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que avalia a eficácia de meia dose do imunizante contra a Covid. Voluntários também estão tomando meia dose da vacina como reforço.
Pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo e da Fiocruz comprovaram que meia dose da vacina da AstraZeneca contra a Covid oferece a mesma proteção de uma dose completa.
O estudo começou em junho: mais de 20 mil pessoas, de 18 a 49 anos, receberam meia dose da vacina voluntariamente.
“Independente de… Ah, não é uma dose inteira, era um projeto, era um estudo, eu vi como uma esperança e acreditei”, diz a recepcionista Verônica Hastenreiter.
Todos tiveram acompanhamento por meio de consultas, questionários e coletas de sangue.
“Após a aplicação da primeira meia-dose, a gente já viu a uma redução de quase 80% no número de casos confirmados e também na letalidade da doença”, afirma Wanderson Bueno, prefeito de Viana.
Durante seis meses de testes, tanto meia-dose como quanto a dose cheia do imunizante da AstraZeneca apresentaram eficácia, em média, de 68% na prevenção de novos casos. O estudo feito no município de Viana, na grande Vitória, mostrou resultados ainda melhores da meia-dose em pessoas que já tiveram contato com vírus.
“A dose de reforço vai ter que estimular o sistema imune num indivíduo que já tem anticorpos e não num indivíduo virgem de infecção pelo vírus. Então, provavelmente os nossos estudos indicam que a meia-dose pode ser uma alternativa para a dose de reforço também interessante”, afirma o médico e pesquisador José Geraldo Mill.
Após o resultado, o Ministério da Saúde autorizou novos testes. Moradores de Viana vacinados com a dose cheia de qualquer imunizante podem receber a meia-dose da AstraZeneca como dose de reforço.
“Esse conjunto de informações, esse conjunto de resultados dão segurança para se afirmar que esse é um esquema suficientemente capaz e que pode sim se utilizado nas estratégias de vacinação”, diz a médica Valéria Valim, coordenadora da pesquisa.
Os pesquisadores explicam que laboratórios de todo o mundo que desenvolver as vacinas com urgência e pesquisa desse tipo são necessárias para ajustar a dose adequada.
“Naquele primeiro momento, o mais importante era ter uma cobertura vacinal grande que possibilitasse a prevenção de novos casos e principalmente prevenção de casos graves. O que eu posso dizer é que com o tempo você refina um pouco essa questão de qual é a melhor dose”, explica o pesquisador José Geraldo Mill.
Os pesquisadores defendem a meia-dose como solução para aumentar a cobertura vacinal no Brasil e também em países como poucos recursos financeiros para a compra de vacinas.
A Anvisa e o Ministério da Saúde avaliam a conclusão do estudo. Os resultados também foram enviados à Organização Mundial de Saúde (OMS).
O escritório da OMS nas Américas avalia os dados como promissores e afirma que a comprovação da eficácia de meia dose poderá dobrar a capacidade de vacinação.
O reforço da vacinação contra a Covid também está sendo feito com meia dose em voluntários do município, como parte do estudo. Os resultados devem sair em junho.
Fonte: Jornal Nacional