UFMS – Pesquisadores catalogam 15 novas espécies de liquens

Duas delas foram nomeadas em homenagem a professores do Instituto de Biociências da UFMS.

Heterodermia spielmannii.

O professor visitante André Aptroot e a estudante de graduação em Ciências Biológicas Maria Fernanda de Souza descobriram 15 novas espécies de fungos liquenizados – gênero Heterodermia. A pesquisa foi realizada no acervo do Herbário CGMS da UFMS e laboratório de Liquenologia e Botânica do Instituto de Biociências (Inbio).

Na UFMS desde 2019, André está na lista dos 100 mil cientistas mais influentes do mundo, conforme pesquisa da Universidade de Stanford (Estados Unidos). O professor foi contratado para atuar no Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal e deve permanecer na UFMS por mais um ano. André é um dos 600 cientistas listados na pesquisa e que estão em instituições brasileiras no ranking pela carreira. Ele é holandês e tem doutorado em Biologia pela Universidade Utrecht, na Holanda. Sua área de estudos é a biodiversidade, mais especialmente os liquens tropicais, sendo linhas de pesquisa a sistemática, levantamentos florísticos, revisões taxonômicas e taxonomia de Criptógamos. “Tenho colegas liquenólogos na UFMS e as instalações são boas, então me interessei em trabalhar aqui, já que tenho dedicado minha vida inteira ao estudo dos liquens”, relata.

Maria Fernanda se interessou pelas Ciências Biológicas ainda no ensino médio. A indicação para ingressar no Programa de Iniciação Científica Junior (Pibic) Jr foi da professora de Biologia Brenda Matos que a apresentou ao professor Adriano Spielmann. “Em 2017, iniciei um estágio na UFMS no junto ao professor Adriano. Acabei gostando bastante e me interessei pela área, então participei como voluntária nas atividades desenvolvidas nos laboratórios, coletas, práticas e, assim, tive contato maior com os liquens. Em 2019 fiz o processo seletivo e passei”, conta a acadêmica.

“Fernanda começou a atuar no Laboratório de Liquenologia e então iniciamos a pesquisa em busca de novas espécies, já que o Brasil possui uma rica biodiversidade”, conta André. Ele atua em trabalho de campo, identificando e descrevendo liquens que são desconhecidos, e já identificou mais de 700 novas espécies, sendo mais de 300 do Brasil. Os liquens foram coletados em praticamente todos os estados brasileiros durante os dez anos em que o pesquisador holandês está no país, em parceria com pesquisadores de pelo menos cinco instituições de ensino superior.

Heterodermia caneziae.

André e Maria Fernanda examinaram mais de 500 espécies coletadas por eles e pelos professores Adriano e Luciana Canêz em 15 estados. Dessas, 15 foram descritas como novas. Uma delas recebeu o nome de Heterodermia spielmannii em homenagem ao professor Adriano, já que foi coletada por ele no Rio Grande do Sul em julho de 2011. “O liquen que recebeu meu nome foi coletado em Piratini, RS, durante um rigoroso inverno de 2011. De longe eu avistei uma árvore com diversos liquens, e achei esta Heterodermia muito bonita! Me senti muito honrado com a homenagem!”, comentou Adriano.

A outra recebeu o nome de Heterodermia caneziae por ter sido coletada por Luciana também no Rio Grande do Sul, em janeiro de 2004. “Foi uma coleta feita na área onde coletei muitos liquens para minha dissertação de mestrado. Por ser um lugar de difícil acesso, coletei todos os grupos taxonômicos que pude. O lugar é fantástico cheio de liquens com muitas espécies novas de outras famílias também”, contou Luciana que ficou surpresa com a homenagem. “Foi realmente uma surpresa! Eu não imaginava e nem esperava receber essa homenagem. Sou muito grata ao professor André e a Maria Fernanda por terem lembrado de mim”.

Ambas as espécies integram o acervo do Herbário CGMS. Além de analisar a estrutura dos liquens com auxílio de microscópio e lentes, foi feita análise química para verificação dos metabólitos secundários. Esse processo durou em média seis meses.

“Tenho um carinho muito grande e sou muito grata ao professor Adriano e também a professora Luciana Canêz que têm sido importantes na minha vida acadêmica. Então quando descobrimos as novas espécies, conversei com o professor André e decidimos nomear duas delas em homenagem aos dois”, finaliza Fernanda.

Os resultados da pesquisa, que contou também com a colaboração dos professores homenageados, foram publicados em artigo divulgado no periódico internacional The Lichenologist, da Universidade de Cambridge, em janeiro deste ano. A íntegra do artigo pode ser conferida aqui.