Propor um modelo teórico-conceitual e técnico para avaliar as políticas de inclusão digital na educação brasileira. Este é o cerne da pesquisa desenvolvida pela servidora técnica administrativa Ana Maria Marques de Paiva junto ao Programa de Pós-graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para Inovação Tecnológica (PROFNIT), ponto focal da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
“Nossa proposta é trilhar um caminho para a criação de uma série histórica do indicador que poderá fornecer informações gerenciais sob a forma de transparência ativa, por meio de um painel, por exemplo. Além de impactar positivamente no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), especialmente no planejamento estratégico de assistência estudantil, seja no planejamento ou formulação de políticas, bem como na inovação no ensino, com a integração e acompanhamento dos processos, como exemplos”, explica a mestranda, que é orientada pelos professores Elisandra Marisa Zambra e Paulo Augusto Ramalho de Souza.
O resultado de parte do trabalho já está consolidado. O primeiro capítulo da dissertação de mestrado rendeu o artigo “Inclusão digital, ecologia de jogos e OKR: framework para universidades públicas no Brasil”, publicação no periódico espanhol Revista de Educación (ISSN: 0034-8082).
Neste trabalho, a pós-graduanda conta que no artigo buscou-se ampliar os critérios de análise para a formulação de políticas, levando em conta a premissa de que o cenário brasileiro, contempla a aplicação de recursos na área de tecnologia da informação sob uma perspectiva binária, que passa pelo ter ou não acesso à Internet e dispositivos, insuficientes para proposição de inclusão digital.
“Partindo deste princípio, propomos um modelo, que suportasse os aspectos discutidos na bibliografia internacional, sendo: acesso (dispositivos e conectividade); psicológicos, (afetivos, cognitivos e motivacionais); competências digitais (comunicação, informação, geração de conteúdo e operacionais, com as finalidades de trabalho, do exercício da cidadania, educação, entretenimento e transações online); e, sociodemográficos (constituição familiar, cultura, espaço geográfico, etnia, faixa etária, gênero, escolaridade, socioeconômicos e tempo de conexão)”, explica.
Durante o trabalho ela destaca que é possível perceber que os países de periferia concentram esforços na produção de bens e serviços de baixo valor agregado, incompatíveis com a economia da inovação. “A ausência do desenvolvimento das competências e habilidades digitais, características dos países de centro, faz com que esses países se tornem cada vez mais dependentes nos aspectos tecnológicos e educacionais (conhecimento técnico-científico)”, salienta.
Para o professor Paulo Augusto Ramalho de Souza, publicações como essa legitimam o trabalho feito pelos professores e alunos envolvidos no Programa aqui em Mato Grosso. Segundo ele, a Revista Educación possui um fator de impacto 1.057JCR relevante e com capilaridade internacional que possibilita melhora dos indicadores de avaliação do Profnit frente a CAPES.
Profnit
Lotada na Secretaria de Tecnologia da Informação (STI) há oito anos, a servidora, que é bacharel em administração, conta que ingressou no programa devido a necessidade contínua de qualificação, frente às demandas institucionais e pessoais. “Vi o alinhamento perfeito no PROFNIT, entre o que precisava para contribuir com meu desempenho no trabalho. A área básica do Programa é a Administração. Passei dois anos me preparando para ingressar neste mestrado, e não me arrependo”, destaca.
O professor Paulo Augusto Ramalho de Souza conta que o Profnit reserva 30% das vagas aos técnico-administrativos da UFMT, e que a participação deles é notável desde sua primeira turma, em 2018. “Ter um artigo aprovado em um jornal de impacto por uma discente com esse perfil serve de incentivo para que os demais percebam que é possível, e confirma que a oportunização de ações afirmativas para propiciar o acesso de profissionais com diferentes perfis à pós-graduação stricto sensu confere resultados positivos para os produtos gerados pelo programa com efeitos para UFMT e até mesmo o Estado”, finaliza.