CEFET-MG – curso ajudou mais de 800 pessoas de outros países

Imagine-se fugindo do seu país por situações de conflito, violência, perseguição, fome… Para trás, ficam familiares, amigos e laços com sua cultura e com seu povo. O destino que o espera é incerto, você não consegue se expressar e as novas pessoas à sua volta não entendem quem você é e quais seus sonhos naquele novo pedaço de chão.

Neste momento, enquanto você imagina, há 89,3 milhões de pessoas passando por situações como essas; seres humanos que abandonaram, por diversas razões, suas raízes. Muitas deles não conseguem, sequer, condições mínimas de sobrevivência: educação, saúde e emprego. Um componente, em especial, que pode dificultar ainda mais esse processo de adaptação é a linguagem.

O CEFET-MG já auxiliou 822 dessas pessoas que decidiram viver no Brasil, por meio do Programa Português como Língua Estrangeira (PLE). O PLE foi formalizado em 2020 e é resultado de uma ação conjunta realizada entre o Departamento de Linguagem e Tecnologia (Deltec), a Secretaria de Relações Internacionais (SRI) e a Diretoria de Extensão e Desenvolvimento Comunitário (DEDC) do CEFET-MG. As atividades de ensino do Português foram iniciadas em 1997 e culminaram no Programa PLE que oferece aulas de Português como Língua de Acolhimento (PLAc) como uma de suas atividades.

Ele é direcionado a apátridas (pessoas a quem foi negada a nacionalidade), portadores de visto humanitário e refugiados que desejam aprimorar a fluência na Língua Portuguesa.

Atualmente, ele é coordenado pelas professoras Maria Cristina Ramos (SRI) e Luciana Azeredo (Deltec). Inicialmente, as aulas eram ofertadas presencialmente, mas, devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19) e para atender a um maior número de pessoas, o curso foi adaptado para o modelo remoto e, atualmente, acontece de forma síncrona aos sábados, das 14h às 16h, e assíncrona. Nos encontros, há aulas de gramática, interpretação de texto e cultura brasileira, oferecendo conhecimentos básicos sobre a formação da sociedade brasileira e preparando esse público para a comunicação no mundo do trabalho.

Eles interagem com o público mostrando um pouco da cultura dos seus países de origem, como apresentação de danças típicas, ensinam palavras em seus idiomas, promovem degustação de comidas típicas, exposição e venda de artesanatos, feira de livros e bate-papos.

Ao final do semestre, os estudantes recebem um certificado, caso tenham cumprido 75% da carga horária do curso, que totaliza 70 horas. Até o momento, 42 turmas foram concluídas e a 43ª já está garantida. As aulas do novo grupo estão previstas entre 13 de agosto e 17 de dezembro. Pessoas interessadas devem acompanhar a divulgação de novas turmas no site sri.cefetmg.br. Geralmente, o formulário fica disponível para inscrição durante duas semanas.

Segundo a Coordenadora de Fomento à Internalização da SRI, Marlúcia Lopes, o curso ajuda a suprir demandas de cunho social vindas da comunidade externa e tem um caráter humanístico, sendo muito importante para a socialização e inserção desses estrangeiros na sociedade brasileira.

De acordo com a secretária de Relações Internacionais, Maria Cristina Ramos, parte dos alunos é constituída por uma parcela que se encontra em situação de vulnerabilidade social e que busca o aprendizado do português por diversos motivos, como deslocamento diário em meios de transportes urbanos, utilização dos serviços de saúde e educação, compras diversas em comércios locais, inserção no mercado de trabalho, preenchimentos de formulários e documentações, acompanhamento dos filhos nas atividades escolares, legalização e naturalização na Polícia Federal. “Dessa maneira, o CEFET-MG cumpre uma de suas funções sociais, por meio da oferta do curso PLAc, e, assim, possibilita uma integração do ensino, da pesquisa, da extensão e da internacionalização”, destaca.

Em solo brasileiro

O venezuelano José Gabriel Rodriguez mora há um ano em Belo Horizonte com a esposa e a filha com o cartão de residência temporária; eles vieram em busca de melhor qualidade de vida. José Gabriel fez o PLAc, e viu sua evolução. “Gostei muito do curso, precisava dele para melhorar minha fala e escrita, além disso há temas diversos para a gente aprender e bate-papo. Graças ao curso, consegui falar um pouco mais e tenho uma conversação mais fluente em meu dia a dia. Ajudou em minha rotina em todos os sentidos. Minha intenção é conseguir ser fluente na Língua Portuguesa para ter um desempenho melhor no mercado de trabalho”, destaca José Gabriel.

Motivos semelhantes trouxeram ao Brasil o haitiano Chrisberson Bonbon, que há cinco meses vive no país e possui o visto humanitário. “Eu escolhi morar no Brasil pela qualidade de vida e pelo clima agradável durante o ano todo, uma cultura quente para fazer meus estudos”. Segundo ele, sua participação no curso foi proveitosa. “Eu sempre fazia minhas atividades, fazia perguntas para meus professores sobre a cultura do país. O curso tem uma grande importância para mim, especialmente para a minha integração na faculdade e sobre as leis do Brasil. Fiquei bem feliz em conhecer outros estudantes estrangeiros para o compartilhamento de culturas”, completa.

A também haitiana Wideline Morisset já está há um tempo maior no Brasil e tem o visto por tempo indeterminado. Há sete anos, ela escolheu o país para sua morada. “Eu gosto de morar aqui porque é um país tranquilo, que dá valor para os estrangeiros. Para mim, foi importante o curso de Português, porque eu aprendi bastante, foi muito legal conhecer alunos de outros países. O curso representa muito para mim, estou feliz porque eu consigo fazer frases”, conta.

A colombiana Lídia Salazar é migrante, ficou pouco tempo no Brasil e fez poucas aulas no curso, mas, segundo ela, foi um aprendizado importante. “Gostei muito dos ensinamentos, aprendi demais e espero poder praticar todo o aprendido”, conclui.

Há um ano, Jania Laguerre resolveu sair do Haiti para estudar no Brasil. Estudante de mestrado, precisou do curso de Português para melhorar a leitura na língua. “O curso me ajudou a ter uma boa pronúncia para comunicar com outras pessoas e para compreender os outros também. A minha rotina, que é estudar todos os dias, vai me ajudar a falar fluente. Para mim, o curso é um presente, é um privilégio aprender gratuitamente. Não tenho palavras para exprimir minha gratidão”, finaliza.

 

Leia a íntegra da edição nº 18 do Jornal Diagrama – CEFET-MG é notícia.

Por SECOM / CEFET-MG