Os mercados financeiros apresentam grande importância nas economias na maior parte dos países, portanto entender como eles funcionam é primordial para o desenvolvimento social. Dentro dessa lógica, um estudo foi desenvolvido com a proposta de entender os mecanismos do mercado e investigar o comportamento dos operadores financeiros individuais.
Esses dados foram investigados no estudo “Wealth dynamics in a market with information asymmetries”, desenvolvido pelo professor do CEFET-MG Arthur Rodrigo Bosco de Magalhães e publicado recentemente em um conceituado periódico científico, Physical Review E. Diferente de muitos estudos que investigam os mercados financeiros por meio de séries temporais, como preços e volumes que descrevem o comportamento do sistema como um todo, um modelo de mercado baseado em agentes foi proposto pelo professor do Programa de Pós-Graduação em Modelagem Matemática e Computacional. “O modelo é capaz de gerar resultados em consonância com estatísticas observadas em mercados reais, o que é importante para sua validação”, ressalta Arthur.
A pesquisa está inserida no contexto da Econofísica, que é uma área interdisciplinar em que conceitos da Física são utilizados buscando-se o melhor entendimento de sistemas normalmente estudados a partir da Economia. Segundo Arthur, a motivação da investigação foi colaborar para a compreensão de como funcionam os mercados financeiros. “De forma específica, construímos e exploramos um modelo de mercado onde um número fixo de agentes negocia um único ativo. A metodologia utilizada chama-se ‘modelagem baseada em agentes’. Dois tipos de informação guiam o comportamento dos agentes em sua busca por maximizar lucros: o preço previsto para o ativo no curto prazo e o preço esperado para o ativo segundo uma avaliação dos seus fundamentos econômicos”, explica o professor. Também foi levado em conta que os agentes possuem capacidades variadas de manipulação de informação, ou seja, avaliam de forma mais precisa ou menos precisa os dois preços.
Nas simulações realizadas, de acordo com o professor, diferenças na habilidade de tratar informação não levam, em média, a diferenças na riqueza dos agentes, mas sim a diferenças no risco que os agentes correm ao operar. “Assim, agentes que tratam informação de forma imprecisa ganham, em média, o mesmo que os agentes mais capazes de avaliar o cenário à sua volta. Contudo, os agentes menos habilidosos correm mais riscos”, conclui.
No que se refere à acumulação de riqueza, foi possível perceber que os agentes que erram mais em suas avaliações de preço tiveram o mesmo desempenho médio que agentes que erram menos. “Por outro lado, a riqueza dos agentes menos precisos sofreu variações maiores, tanto positivas quanto negativas, durante as simulações. Isso significa que os agentes menos capazes de lidar com informação correm maiores riscos ao operar no mercado. Custos de operação e limitações de capital dos agentes não foram considerados até o momento. A inclusão de tais fatores no modelo pode vir a trazer o resultado esperado, de que agentes melhor informados lucram mais”, afirma Arthur.