Testes iniciais em humanos indicam que a primeira vacina 100% brasileira contra a Covid é segura e eficaz

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais e da Fiocruz estão comemorando os primeiros resultados dos testes da vacina brasileira contra a Covid.

Já são três anos de trabalho para desenvolver a vacina contra Covid produzida com tecnologia e insumos totalmente nacionais.

A substância utilizada pelo laboratório de pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais, em parceria com a Fiocruz, para produzir o novo imunizante inclui duas proteínas do vírus Sars-Cov-2: a proteína S, de “spike”, e a N, de “nucleocapsídeo”. Daí surgiu o nome da vacina 100% brasileira: a SpiN-Tec.

O diretor-clínico do Centro de Vacinas da UFMG, Helton Santiago, diz que a vacina demonstrou que é segura e capaz de induzir a resposta imunológica ao organismo. Nessa primeira etapa, 36 pessoas, com idades de 18 a 54 anos, todas saudáveis, receberam doses do imunizante em desenvolvimento ou da AstraZeneca.

“A SpiN-Tec não pode ser inferior a um imunizante autorizado pela Anvisa para o mercado. Então, ela pode ser igual ou superior. Porque se ela for inferior, não é interessante para a saúde pública utilizar um medicamento menos eficaz do que o já está disponível”, afirma Helton.

A fase dois dos testes clínicos deve ser realizada com mais de 370 voluntários da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ainda não dá para falar quando acontece, porque depende de autorização da Anvisa, que acompanha, com muito rigor, todo o processo de desenvolvimento do novo imunizante.

A previsão é que a segunda fase dos testes clínicos aconteça por meio de uma comparação com a vacina bivalente, a mais atual contra o coronavírus.

A pesquisadora Santuza Teixeira explica que a SpiN-Tec tem características modernas, porque é feita com proteínas do vírus – que, além de estimular a produção de anticorpos, também viabiliza a imunidade celular.

“Ela impede a propagação do vírus dentro do organismo, mesmo que ele tenha sido infectado, porque destrói as células que o vírus precisa para se multiplicar”, explica.

Depois da segunda fase de testes em humanos, ainda haverá mais uma com muito mais voluntários espalhados pelo Brasil. A previsão é de mais dois anos de trabalho para que o imunizante possa ser considerado seguro e eficaz contra a Covid-19.

Texto originalmente publicado em Jornal Nacional / Globo.com