Talvez você já tenha ouvido falar que “a gente é o que a gente come” em um discurso sobre vida saudável, ou coisa do tipo. É bem verdade que comida saudável é parte importante de uma vida saudável. Entretanto, é importante não perder de vista também que nós somos precisamente o que comemos. Para que nosso corpo tenha energia para funcionar, nossas células se renovem, nossos músculos cresçam, precisamos dos nutrientes que estão na nossa comida.

E é assim também com a vaca (e outros animais).

A alimentação dos bovinos influencia profundamente em sua produção, tanto pela falta de nutrientes quanto pelo excesso, e também influencia na produtividade de uma criação, já que a alimentação é um dos principais custos da pecuária.

Assim, visando compreender melhor como diferentes nutrientes influenciam na produção de leite, o professor André Soares de Oliveira, do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia de Sinop, está desenvolvendo, em conjunto com seu grupo de pesquisa (Núcleo de Pesquisa em Pecuária de Leite), um modelo matemático que seja capaz de prever as necessidades alimentares de vacas leiteiras, visando otimizar a produção e diminuir os impactos ambientais da mesma. 

“O Sistema Nutricional para Gado Leiteiro (NS Dairy Cattle) é o nome que dei  para o sistema de exigências nutricionais para bovinos de leite que desenvolvemos e estamos aperfeiçoando no nosso laboratório.  O sistema nutricional é formado por vários sub-modelos matemáticos, como por exemplo:  consumo de água, consumo de alimentos, exigências de energia, exigências de proteína, exigências de minerais e vitaminas, emissão de metano entérico, etc”, explica o pesquisador.

No artigo mais recente, o grupo apresentou um sistema de predição das demandas proteicas desses animais, de forma auxiliar no desenvolvimento de dietas mais lucrativas e a redução da perda de Nitrogênio, bem como de seu impacto ambiental.

“O Nitrogênio é um componente chave das proteínas e é facilmente analisado, então usamos ele nos estudos do metabolismo protéico. O excesso de proteína nas rações acarreta em perdas de Nitrogênio via urina e fezes, causando prejuízos para o produtor já que a proteína é o componente mais caro das rações”.

Além disso, parte do Nitrogênio que foi parar no solo se transforma em óxido nitroso, um dos gases de efeito estufa, e pode causar a poluição da água, criando impactos ambientais significativos.

“ As proteínas são componentes fundamentais do leite pois são ricas em aminoácidos essenciais na nutrição humana. Além disso tem grande importância para a agroindústria na fabricação de queijos (formados a partir da proteína caseína do leite) e suplementos nutricionais como os “Whey Protein”.

De acordo com o pesquisador, o sistema desenvolvido na UFMT prevê as demandas de proteína para manutenção e lactação dos animais com maior precisão que muitos modelos norte-americanos e europeus, demonstrando a qualidade da pesquisa realizada.

Para construir cada submodelo foi necessário uma pesquisa específica, que contou com também com a participação de orientandos do Professor André de mestrado e doutorado em Zootecnia na UFMT.

A primeira versão do NS Dairy Cattle para cálculo das exigências nutricionais de vacas de leite foi publicada em 2019  e está disponível no link.

Confira o artigo completo sobre o sub-modelo de proteínas publicado no Journal of Dairy Science