Andifes Norte acompanha Cúpula da Amazônia em Belém (PA)

Começou nesta terça-feira (8) a Cúpula da Amazônia, em Belém (PA). O evento tem como objetivo fortalecer a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) e reúne chefes de Estado de países amazônicos para discutir iniciativas para o desenvolvimento sustentável na região. Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participam do evento os presidentes da Bolívia, Luis Arce; da Colômbia, Gustavo Petro; do Peru, Dina Boluarte e o primeiro-ministro da Guiana, Mark-Anthony Phillips.

A OTCA, único mecanismo multilateral internacional com sede no Brasil, reúne também a Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. A Cúpula da Amazônia, organizada pelo Brasil, tem como objetivos discutir e promover um novo desenvolvimento sustentável, medidas para o fortalecimento da OTCA e fortalecer o lugar dos países detentores das florestas tropicais na agenda global.

Em seu discurso de abertura, o presidente Lula destacou sua satisfação em reunir novamente os países do órgão multilateral, após mais de uma década da realização da última reunião do grupo. “É motivo de muita alegria encontrar os presidentes dos países da América do Sul para tratar da Amazônia, patrimônio comum dos nossos países. Desde que o tratado de cooperação da Amazônia foi assinado, os chefes de estado só encontraram por três vezes, todas em Manaus. Há 14 anos não nos reuníamos. E a primeira vez no contexto do severo agravamento da mudança climática”, disse.

“Queremos retomar a cooperação entre nossos países e superar desconfianças. Queremos reconstruir e ampliar nossos canais de diálogo. Isso requer mudar não apenas a compreensão da Amazônia, mas também sua realidade”, acrescentou Lula, afirmando que a história da Amazônia será medida entre antes e depois da Cúpula, e. A cúpula é vista como uma prévia da COP 30, evento da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre questões climáticas, a ser realizado em 2025 também na cidade de Belém.

Os reitores e reitoras das universidades federais da região amazônica, reunidos na Andifes Norte, também estão presentes para discutir como as universidades podem contribuir com os objetivos e com a valorização da região Amazônica. “As universidades e demais instituições de pesquisa da região são atores fundamentais que precisam ser envolvidos, pois atuamos historicamente na região com ensino, pesquisa e extensão nas mais diversas áreas em todo território da Amazônia Brasileira, em questões como proteção do bioma e da bacia hidrográfica, inclusão social, fomento à ciência, tecnologia e inovação e estímulo à economia local”, destacou Aldenize Xavier, reitora da Universidade Federal do Oeste do Pará e vice-presidente da Andifes na região Norte.

Já o reitor da Universidade do Sul e Sudeste do Pará, Franscisco Ribeiro, destacou a necessidade de valorização

Na foto, os reitores Francisco Ribleiro (Unifesspa), Aldenize Xavier (Ufopa), Emmanuel Tourinho (UFPA) e o vice-presidente da Andifes, reitor Sylvio Puga (UFAM).

das universidades amazônicas que produzem conhecimento regional. “Discutimos que as ações de desenvolvimento científico e tecnológico não estejam pautadas majoritariamente, como é hoje, em visões distantes das realidades dos povos que aqui estão. A atuação das universidades pode abrigar, desenvolver e conduzir processos, com os múltiplos atores e interesses, e não deve ser alijada das configurações locais, da realidade de quem está na ponta das situações, vivenciando as realidades regionais do interior da Amazônia”, disse Ribeiro.

A Cúpula foi antecedida pelos Diálogos Amazônicos, que reuniram representações de diversos setores da sociedade para debater os grandes desafios da Amazônia, explicou o reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Emmanuel Tourinho. “As universidades públicas federais estiveram presentes em diversas atividades, produzindo debates intensos sobre o papel da educação superior pública para o desenvolvimento social da Amazônia, conservação ambiental, e por fim apresentando uma iniciativa que reúne as 13 universidades federais sediadas na Amazônia, que propiciará o fortalecimento da produção de ciência por pessoas que vivem na região e poderá subsidiar políticas públicas para a superação do estado presente de degradação ambiental e precarização das condições de vida dos povos da Amazônia”, concluiu o reitor.

Em junho, a Andifes aprovou diretrizes para o orçamento 2024, tendo como objetivo um projeto de desenvolvimento econômico para o Brasil com a contribuição fundamental das universidades federais e estabelecendo como prioridades o Fator Amazônia, a Licenciatura Indígena e do Campo e a Educação a Distância. Os reitores e reitoras afirmaram que, independentemente de qual seja o orçamento destinado ao financiamento do ensino superior público em 2024, o desenvolvimento social e econômico, a superação das desigualdades regionais e a sustentabilidade devem ser consideradas pautas prioritárias das universidades federais brasileiras.

Foto da capa: Ricardo Stuckert