Na Câmara, Andifes fala sobre autonomia, redução das desigualdades sociais e mulheres na carreira científica

Defesa da autonomia universitária, participação das universidades federais na redução das desigualdades sociais e desafios e direitos das mulheres na carreira científica foram alguns dos temas debatidos pela Andifes em três audiências públicas na Câmara dos Deputados, em Brasília, na quarta-feira, 23, e quinta-feira, 24.

“Para nós, na Andifes, a pauta da autonomia universitária é prioritária e vai muito além da autonomia de gestão, há autonomia de cátedra, autonomia administrativa e de pensamento também”, iniciou sua fala a presidente da Andifes, reitora Márcia Abrahão (UnB), na audiência pública conjunta das Comissões de Legislação Participativa, de Educação e de Ciência, Tecnologia e Inovação da Câmara dos Deputados, na tarde da quarta-feira, 23.

As deputadas Ana Pimentel (PT-MG) e Natália Bonavides (PT-RN), que pediram a realização do debate, coordenaram a mesa que teve também a participação da secretária da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Denise Pires de Carvalho, e de representantes de entidades sindicais e de movimentos da educação.

A presidente da Andifes lembrou que a entidade aprovou recentemente em seu Conselho uma proposta para o processo de nomeação de dirigentes que elimina a lista tríplice e que a proposição já foi apresentada às entidades da educação e ao deputado Patrus Ananias (PT-MG), relator do projeto de lei (PL 2699/2011), que trata do processo de escolha dos dirigentes universitários.

“Ficamos felizes em ver o empenho de todas as entidades para superarmos esse desafio, sabendo que a autonomia universitária tem vários pontos e que não vamos dar conta de, neste momento, atender a todos. Apresentamos uma proposta que é consenso na nossa entidade – o fim da lista tríplice, com as nossas comunidades tendo a possiblidade de escolher seus dirigentes, e que esses dirigentes sejam nomeados pelo presidente da República. Que o mais votado seja nomeado, respeitando a autonomia das universidades na forma de decisão, e que a escolha se dê no âmbito da comunidade [universitária], formada por discentes, docentes e servidores técnicos-administrativos da ativa”, afirmou a presidente da Andifes.

Veja vídeo com a íntegra da audiência que debateu autonomia universitária:

Pela manhã, o vice-presidente da Comissão de Ciência & Tecnologia da Andifes, reitor Dácio Roberto Matheus (UFABC), em audiência da Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação, discutiu o papel das universidades e dos institutos federais na reconstrução de um projeto nacional de combate às desigualdades, em audiência requerida pela deputada Ana Pimentel (PT-MG).

“As universidades têm um papel fundamental, porque, no Brasil, principalmente, são o espaço de produção de conhecimento. As universidades estão fazendo a lição de casa para se apropriar dos problemas sociais e econômicos, guardando as peculiaridades próprias de nossos territórios, e aí temos um grande desafio que é diminuir as desigualdades regionais”, afirmou o reitor.

Foto: Fernando Piva

Para Dácio, a curricularização da extensão nas universidades, que é um processo em curso, é fundamental para aprofundar a relação universidade e sociedade. Mas, para isso, é necessário investimento. “Não se faz extensão universitária e permanência estudantil sem recursos. E hoje eles não são suficientes”, disse o dirigente da UFABC.

A secretária Denise Pires participou dessa audiência, que teve também a presença do vice-presidente de Relações Parlamentares do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), Flávio Nunes, representantes docentes, sindicais e de entidades da educação, e foi acompanhada no plenário por diversos reitores e reitoras das universidades federais.

Veja abaixo vídeo com a íntegra da audiência:

Na manhã da quinta-feira, 24, a reitora Isabela Andrade (UFPel) representou a Andifes na reunião conjunta das Comissões de Ciência, Tecnologia e Inovação e

Audiência pública reuniu gestoras, pesquisadoras e representantes da comunidade acadêmica e científica. Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados

dos Direitos da Mulher, que debateu Desafios e luta por direitos das mulheres na carreira científica. Para Isabela, muitas mulheres têm que optar entre desenvolver sua carreira ou se dedicar à família e, por isso, acabam não chegando ao topo da carreira. “Ao longo da formação acadêmica, as mulheres acabam ficando pelo caminho. Temos um número menor de mulheres fazendo doutorado do que tínhamos fazendo mestrado? Quais as dificuldades que elas enfrentam, que não vemos os homens enfrentar?”, questionou a reitora.

Para a dirigente da UFPel, há algumas iniciativas que podem mudar esse panorama. “Educar a sociedade para a redução de desigualdades, aumentar as possibilidades de mulheres assumirem cargos de liderança sem que haja competição entre elas mesmas. Precisamos mudar a cultura, com mais ações e políticas públicas efetivas de incentivo à ciência liderada por mulheres”, ressaltou Isabela, na mesa composta também por mulheres representando o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG).

Veja abaixo vídeo com a íntegra da reunião: