UNIFAL-MG investiga eficácia de tratamento epidural no controle da dor oncológica em pacientes sob cuidados paliativos no SUS

Estudo considerado inédito na área da Medicina foi desenvolvido de 2018 a março de 2023.

“A dor é o sintoma mais crítico que acompanha o câncer, contudo, o seu tratamento nem sempre é efetivo”, afirma o professor Carlos Marcelo de Barros em sua tese de doutorado. Publicado em maio deste ano, o estudo compara a eficácia do tratamento oral com combinações medicamentosas diferentes em pacientes com neoplasia gastrointestinal em cuidados paliativos no Sistema Único de Saúde (SUS). Carlos de Barros é médico e professor do curso de Medicina da UNIFAL-MG.

Professor Carlos Marcelo de Barros durante a defesa de sua tese. (Foto: arquivo pessoal/Carlos Marcelo)
Iniciada em 2018, a pesquisa buscou comparar o uso da morfina e adjuvantes ao tratamento com morfina e ropivacaína epidural em pacientes cuja dor apresenta dificuldade de controle clínico. A pesquisa foi realizada na Santa Casa de Alfenas e contou com a colaboração de pacientes em tratamentos oncológicos do hospital. Os primeiros pacientes foram inclusos entre 2018 e 2019 e o estudo acabou em março deste ano.

Segundo o docente, o que motivou o estudo foi o contato com o sofrimento dos seus pacientes em fase terminal. “Eu trabalho com pacientes de dor oncológica no SUS. Ao ter contato com o sofrimento desses pacientes, decidi estudar uma forma mais eficaz e barata para que eles tivessem uma melhor qualidade de vida no fim dela”, afirmou o médico.

Como foi feito o estudo?

A primeira fase do estudo contou com a realização de um ensaio clínico randomizado com dois grupos: controle e intervenção. “O grupo controle recebeu morfina e adjuvantes por via oral. O grupo intervenção recebeu morfina e ropivacaína por via peridural”, explicou o docente.

Em seguida, os pacientes foram submetidos a quatro fases de avaliação, nas quais foram utilizadas diversas escalas para avaliar a eficácia e a adesão do tratamento. “Essas escalas avaliaram tanto a dor do paciente, como também a qualidade de vida que ele estava tendo”, completou.

De acordo com o pesquisador, os resultados do estudo apontaram para a eficácia significativa do tratamento com morfina e ropivacaína epidural na manutenção do tratamento analgésico, levando a uma maior adesão à terapia, especialmente nas fases mais avançadas da doença.

“De uma maneira geral, os resultados mostram que os pacientes tratados com a via epidural toleraram tiveram maior adesão ao tratamento que os pacientes do grupo controle. Poucos pacientes do grupo controle conseguiram chegar até o final do estudo. A maioria deles saiu do estudo antes da fase final e teve outro tipo de intervenção, com isso, tiveram uma menor adesão. Já os pacientes do grupo intervenção conseguiram ter maior adesão”, relatou.

Segundo o especialista, a pesquisa é considerada inédita na área da Medicina. “Não foram encontrados estudos na literatura médica que cite a incidência de procedimentos intervencionistas da dor em pacientes oncológicos”, afirmou.

A tese de doutorado “Avaliação da eficácia da via peridural no tratamento da dor oncológica de difícil controle em pacientes com neoplasia gastrointestinal avançada em cuidado paliativo” está disponível na biblioteca da UNIFAL-MG.

Fonte: Unifal-MG