Dia da Consciência Negra e a universidade que queremos – Por Valter Santana

No dia 20 de novembro comemoramos o Dia da Consciência Negra, uma data de extrema importância que busca promover a reflexão sobre a história, a cultura e as contribuições dos afrodescendentes para a sociedade brasileira.

Afrodescendentes brasileiros como Zumbi e Dandara dos Palmares, Abdias do Nascimento, Pelé, Luís Gama, Machado de Assis, Léria Gonzales, Conceição Evaristo, Antonieta de Barros, Beatriz Nascimento, Elza Soares e tantos são parte da nossa identidade e nos deixaram um rico legado artístico, cultural, esportivo. São personagens que orgulham nosso povo.

A cada ano, surge uma oportunidade de rememorar o nosso passado, valorizar a luta dos nossos ancestrais e refletir sobre o futuro que queremos. A educação para todos e todas, da creche à universidade, é uma das grandes lutas ainda não concretizada na sociedade brasileira. Luta de Abdias, luta de Lélia, Luta de Beatriz Nascimento, lutas de muitos negros e negras que, seguindo a trilha libertadora de Zumbi dos Palmares, não deixaram cair por terra o esperançar de um país melhor.

Por isso, a construção de uma sociedade mais justa passa pela educação e, nisso, a universidade tem um papel fundamental. Uma das iniciativas nesse sentido é a política de cotas. Neste ano de 2023, essa importante política pública foi renovada por mais 10 anos, com alterações que visam o seu aperfeiçoamento.

As ações afirmativas nas universidades públicas buscam promover uma reparação histórica e superar barreiras estruturais que impediram o acesso igualitário à educação superior, aumentando a participação da população negra no espaço público.

Isso permite a inserção cada vez maior de profissionais negros com ensino superior e contribui para ampliar a participação dessas pessoas em diferentes ambientes da sociedade, antes pouco ocupados pela comunidade negra. É algo que representa também uma oportunidade para a universidade pública aprender com os saberes e as experiências que essas pessoas trazem para a comunidade acadêmica.

Com a política de cotas, abrimos portas para indivíduos historicamente marginalizados e enriquecemos o ambiente acadêmico, ao trazer diferentes perspectivas e experiências para as salas de aula e para a pesquisa universitária. A Universidade Federal de Sergipe caminha por essa direção, trabalhando para que o conhecimento científico atravesse os muros da academia, amplie os espaços de contato e vivência, promovendo assim uma integração cada vez mais ampla com a sociedade.

A universidade para o futuro é uma universidade que amplia! Estaremos trabalhando para que a participação negra na universidade e na sociedade como um todo aumente cada vez mais e que sigamos na direção de uma sociedade mais justa para as novas gerações.

É um pleito justo a luta dos nossos ancestrais que, no seu tempo e espaço, contribuíram com os sonhos que hoje temos concretizados. O dia 20 de novembro serve para nos lembrar que cabe a nós avançar ainda mais na construção da equidade que merecemos.

*Valter Sanatana, reitor da UFS

Fonte: UFS