UFPA – Pesquisa mostra potencial nutritivo de Plantas Alimentícias Não Convencionais

Sabes aquela plantinha invasora que muitos chamam de “mato” ou “praga”? O que poucas pessoas conhecem é que folhas, caules, frutas e talos possuem potencial nutritivo e podem ser consumidos, mas por não sabermos as formas de preparo, essas plantas acabam sendo subutilizadas ou descartadas.

Antes de tudo, para uma planta se enquadrar em “não convencional”, deve-se levar em conta o seu lugar de origem. Um bom exemplo é o jambu, amplamente usado em pratos regionais paraenses, considerado comum para os moradores da região, mas visto como exótico em outros locais do Brasil.

A nutricionista Larissa Ferreira afirma que nossa alimentação está cada vez mais monótona, isto é, poucas espécies de plantas estão presentes no nosso prato. Conforme dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, o número de espécies de plantas consumidas pela população caiu de 10 mil para 170 nos últimos cem anos.

Larissa Ferreira revela que a alimentação moderna sofre grandes mudanças pela globalização dos produtos industrializados, itens prejudiciais à saúde e responsáveis, direta ou indiretamente, pelo agravamento de diversas doenças. Para uma família garantir os nutrientes necessários, sem pagar muito caro para isso, as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) substituem alimentos vegetais e são fáceis de encontrar.

Em sua pesquisa, a nutricionista levantou 112 espécies. As mais citadas foram: mandioca ou macaxeira, taioba, jambu, ora-pro-nóbis, camapu, hibisco, vinagreira, inhame, pupunha e peixinho da horta. Elas são encontradas principalmente em quintais, hortas, sítios e feiras.

Conhecimento tradicional

No Pará, as PANC são usadas em pratos típicos, como a folha da mandioca na maniçoba. O conhecimento sobre as PANC é essencial para a preservação dos saberes tradicionais, práticas culturais e manutenção da biodiversidade.

“As PANC são todas as plantas, ou partes delas, que não estão adequadamente inseridas no cardápio nacional. Muitas vezes, elas são restritas à alimentação tradicional de determinadas regiões. Na Amazônia, há uma diversidade de plantas que poderiam ser consumidas”, conta a nutricionista.

O conhecimento sobre a utilidade dessas plantas é predominantemente familiar, passado de pai para filho, o que vem diminuindo devido à mudança de hábitos alimentares. A preservação e promoção das PANC são importantes para a diversificação alimentar, a valorização dos saberes tradicionais e a promoção de uma alimentação mais saudável e sustentável.

Sobre a pesquisa: A dissertação Panc na Visão dos Estudantes de Ciências Biológicas da Amazônia foi defendida por Larissa Rodrigues Ferreira, em 2022, no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade de Conservação (PPGBC/Campus Altamira), da Universidade Federal do Pará. A orientação foi da professora Moirah Paula M. de Menezes.

Fonte: Jornal Beira do Rio edição 168