Durante toda a tarde do dia 22 de novembro, reitores e reitoras das universidades federais debateram princípios estratégicos para serem abordados na Conferência Regional de Educação Superior América Latina e Caribe 2018 (CRES+5), em seminário intitulado “CRES+5 e o futuro da educação superior na América Latina e Caribe”. A conferência será em Brasília, de 13 a 15 de março de 2024.
De acordo com a presidente da Comissão de Relações Internacionais da Andifes, a reitora Sandra Goulart (UFMG), o seminário é importante para nortear as contribuições das universidades federais à CRES e ao ensino superior nos próximos anos. “É importante nós nos situarmos sobre essa importante conferência, que é a CRES+5. Por isso, fizemos um histórico das conferências, lembrando que essa irá retomar a terceira conferência, realizada em 2018, em Córdoba (Argentina). São 12 eixos temáticos sobre questões importantes para a educação superior da América Latina e do Caribe”, detalhou.
O seminário teve a participação remota de Nicolas Maillard, representando a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), responsável pela CRES no Brasil, junto a uma comissão organizadora. “A CRES não é apenas mais um momento onde se conversa sobre os rumos da educação superior. É, de fato, o local onde se discute e se reafirma os princípios, os valores e as metas pra educação superior em nível regional, em acordo entre universidades e governos”, disse.
Tendo a experiência da Universidade Federal da Integração Latino-Americana como cenário, a reitora Diana Araújo Pereira (Unila) destacou o papel da CRES para a internacionalização do Ensino Superior e a necessidade de fomentar essa pauta. “Precisamos pensar princípios para a integração regional, visando ao reconhecimento de uma identidade sócio-histórica compartilhada e à construção de confiança e reciprocidade entre os sistemas educativos da região. Temos que partir do princípio de que a educação dos países da América Latina do Caribe tem suas características e especificidades, mas tem qualidade na educação superior”, afirmou.
O vice-coordenador do Conselho de Gestores de Relações Internacionais das IFES (CGRIFES), professor Dalmo Mandelli (UFABC), relembrou as temáticas que nortearam as conferências anteriores e os resultados trazidos pelos debates. “Foi muito tratada a ‘cooperação sul-sul’ e quero destacar a importância da inovação e do quanto o Brasil pode contribuir com uma nova proposta para fomentar a qualificação do tripé ensino, pesquisa e extensão, incluindo a internacionalização e a inovação”, ilustrou.
Ao afirmar o quão fundamentais são os debates preparatórios para a conferência, a professora Jaqueline Pinheiro Schultz, representando a Secretaria de Educação Superior do MEC, destacou o protagonismo da Andifes em tratar questões relevantes para o ensino superior. “A intenção é termos representantes dos mais diversos seguimentos da educação superior para ampliar a representatividade e relevância da Conferência, envolvendo ativamente todos os atores da educação superior na região”, incentivou.
A palestra de encerramento do seminário foi ministrada pelo ex-presidente da Comissão de Relações Internacionais da Andifes, professor Rui Oppermann, Diretor de Relações Internacionais da Capes. “Sinto-me emocionado em retornar a esse auditório, onde tive a experiência que hoje compartilho na Capes moldada. Esse seminário é muito oportuno e temos grandes expectativas da participação da Andifes nessa CRES+5, exatamente porque é uma representação muito importante”, declarou.
Ao término do evento, os reitores e reitoras aprovaram um documento da Andifes com as seguintes sugestões de princípios estratégicos a serem abordados no documento final da CRES+5:
- reiterar os princípios basilares estabelecidos pela CRES+5: a educação superior é um bem público, um direito humano e universal, direito de todos e todas e dever dos Estados;
- manifestar veementemente a posição da região contra a mercantilização da educação superior;
- destacar a importância da autonomia universitária para que as instituições de educação superior da região possam cumprir sua missão institucional, atendendo às demandas da sociedade;
- reafirmar a relevância para a região da defesa contínua da democracia e da educação para a construção democrática;
- destacar a necessidade de aliar a qualidade da educação superior à inclusão e permanência;
- destacar a extensão como pilar essencial da educação superior e parte integrante do sistema educacional da América Latina e do Caribe;
- manifestar a importância do financiamento da educação superior pública e do financiamento para a internacionalização;
- reiterar a visão de que a internacionalização não pode ser vista como uma forma de neocolonização, mas sim como uma possibilidade de pensamento decolonial e de entendimento entre os povos, imprescindível para garantir os direitos humanos, a cidadania plena e a integração solidária;
- destacar a atuação solidária e em redes de cooperação entre as instituições e os países da região;
- analisar a experiência da América Latina no enfrentamento da Covid-19, com profundas consequências e também aprendizados para o ensino, a pesquisa, a extensão e a cultura científica;
- reforçar a importância da educação superior para a sustentabilidade ambiental e para o desenvolvimento social e econômico dos países da região;
- fortalecer as políticas de revalidação de títulos para a mobilidade profissional e acadêmica, bem como os mecanismos de reconhecimento acadêmico que facilitam a mobilidade nos trajetos formativos;
- promover o multilinguismo por meio de políticas para ensino de espanhol, português e demais idiomas da região, inclusive das línguas minoritárias;
- fortalecer o princípio da confiança e da reciprocidade entre os sistemas educativos do Sul Global;
- destacar a internacionalização da educação superior como meio para a formação de uma identidade sócio-histórica latino-americana compartilhada e uma cidadania regional.
Assista o seminário na íntegra:
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